Como saber se o cliente precisa de um Treinamento de Habilidades Sociais?

Só para recapitular… Todo Comportamento é selecionado e mantido por suas consequências. Quando esses comportamentos aumentam de frequência, dizemos que determinada consequência é reforçadora para aquele que se comporta e, portanto, tal comportamento tem maior probabilidade de ocorrer novamente (Skinner, 1981).

O mesmo ocorre com os comportamentos sociais, eles são mantidos ou extintos à medida que são reforçados ou não. Para começar, é preciso identificar se existe ou não um déficit em Habilidades Sociais (HS), que são divididos em déficits de aquisição e déficits de desempenho (Gresham, 2009). Outro aspecto importante é entender o contexto em que o paciente está inserido e quais comportamentos sociais dele são punidos ou reforçados. É imprescindível conhecer a história de reforçamento destes comportamentos. Para tal, podemos utilizar a Análise Funcional, que consiste em identificar a tríplice contingência de um comportamento (antecedente, resposta e consequência), e, através disso, pensar numa intervenção eficaz, que busque aquisição ou adequação do repertório de Habilidades Sociais.

Podemos também observar os comportamentos do cliente em sessão, que, muito provavelmente, apresentará os comportamentos socialmente inabilidosos na relação com o terapeuta, tais como:

  • Não conseguir olhar nos olhos do terapeuta;
  • Falar muito alto ou muito baixo;
  • Ser agressivo ou extremamente passivo;
  • Não conseguir recusar pedidos do terapeuta;
  • Dizer que ficou com vergonha de falar algo durante a sessão de forma recorrente.

Entre outros comportamentos, dependendo de que área é o déficit em HS, como o próprio relato do cliente expressando suas dificuldades em falar em público, iniciar conversas, expressar seus sentimentos, entre outros. Essas situações nos dão pistas de que a questão pode ser um déficit de Habilidades Sociais.

Nesse contexto, a Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) é uma excelente ferramenta a ser usada pelo terapeuta. A Psicoterapia Analítica Funcional surgiu no início dos anos 1990 nos Estados Unidos e foi desenvolvida por Robert J. Kohlenberg e Mavis Tsai. Na FAP, as análises e intervenções se dão com foco na relação terapeuta e paciente. Os comportamentos do cliente em sessão, como ele fala, reage e se comunica, podem ser semelhantes ao modo como ele o faz na sua vida cotidiana. E quando estes comportamentos ocorrem em sessão são chamados de Comportamentos Clinicamente Relevantes (CRBS 1), o/a terapeuta pode intervir quando eles ocorrem, para haver mudanças relevantes na vida do cliente.

Nessa busca, podemos utilizar também o já conhecido Inventário de Habilidades Sociais (IHS) criado por Del Prette e Del Prette em 2001, que possui três versões:  para adultos, para adolescentes e para cuidadores de idosos. Temos também a Escala de Assertividade de Rathus, que dará uma medida psicométrica confiável sobre o nível de Habilidades Sociais de cada cliente.

Assim, poderemos identificar, de forma eficaz, se o cliente necessita ou não de Treino de Habilidades Sociais (THS), e planejar o Treinamento caso se mostre necessário.

REFERÊNCIAS

Gresham, M. F (2009). Análise do comportamento aplicada às habilidades sociais. In: Psicologia das Habilidades Sociais. Diversidade teórica e suas implicações. Del Prette A. P. Z, Del Prette, A. Organizadores.  Vozes, Cap. 1, pp. 17-24.

Skinner, B. F..Seleção por conseqüências. Rev. bras. ter. comport. cogn. [online]. 2007, vol.9, n.1, pp. 129-137. ISSN 1517-5545. 

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Escrito por Fernanda Cerqueira

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