Entrevista com Tony DuBose (apresentação)

Estou feliz em escrever a apresentação para a publicação de uma entrevista que fiz recentemente com o renomado terapeuta DBT e chefe dos treinamentos da Behavioral Tech, Anthony DuBose (conhecido por todos simplesmente como “Tony”). 

A entrevista com Tony DuBose será publicada em 3 partes, uma a cada semana a partir desta.

Sinto-me feliz por vários motivos, mas talvez o mais importante é poder compartilhar o conhecimento e sabedoria de Tony acerca de DBT e do tratamento de pessoas com sofrimento intenso. Durante a entrevista, que durou quase uma hora, fiz várias perguntas acerca de temas atuais, como o futuro da DBT, a interface DBT e RO DBT e a implementação da DBT na América Latina, entre outros.

Por quê escrevi o termo sabedoria no parágrafo acima? Grandes terapeutas (- esse termo aqui está sem gênero) nos inspiram não só com o conhecimento (que em geral é realmente grande), mas também com aquela habilidade que parece fazer toda a diferença: a capacidade de, durante a avaliação de um cenário clínico complexo, unir o conhecimento técnico e científico com a possibilidade de sua aplicação no mundo real, com um ou uma paciente de carne e osso. Quando vemos isso em uma supervisão de caso, role-play ou mesmo em uma aula, parece que nos sentimos maravilhados. Não se trata apenas de decorar frases de livros ou de deter o conhecimento técnico; se trata de saber aplica-lo da melhor forma segundo a ocasião. 

Às vésperas de mais uma edição do Treinamento Intensivo em DBT aqui no Brasil (que deve se iniciar dia 18 de setembro de 2023), me lembro agora vividamente de uma interação com o Tony que aconteceu durante primeiro ou segundo dia do treinamento no ano passado. 

Um terapeuta contava o caso específico de um paciente cujas demandas beiravam seus limites claramente, e tal terapeuta encontrava-se em uma espécie de sinuca de bico com o paciente, sem ceder completamente aos seus pedidos, e sem resolver o incômodo que sentia . Em um role-play Tony demonstrou o modo do terapeuta DBT – ao mesmo tempo genuíno e profissional, declarando às claras seus limites na questão em foco (sem meias palavras), E sem se tornar julgador ou ser invalidante com o paciente. Durante a interação, Tony foi extremamente direto e irreverente (ao mesmo tempo, não foi irônico ou sarcástico). O terapeuta disse após: “não sabia que podíamos dizer esse tipo de coisa para os pacientes,” e Tony respondeu: “na DBT, dizemos todo tipo de coisa para os pacientes. Mas o detalhe é que isso tem que estar a serviço do paciente, não do terapeuta[1].” 

Difícil dizer se o parágrafo acima capturou a potência do ensino que recebemos de grandes professores e terapeutas, mas acredito que todos nós reconhecemos o tipo de insight clínico e aplicação que eu pretendi descrever. Nas interações com Tony temos essa experiência recorrentemente.

Antes de deixar um pequeno currículo do Tony para quem quiser conhecer sua trajetória um pouco melhor, vamos logo para o que a entrevista, que decidi dividir em 3 partes (para evitar um texto muito longo), trará.  

Quais os temas discutidos na entrevista?

  • O que acontecerá com a DBT após a saída de Marsha Linehan do campo?
  • Quais as suas dicas para quem está começando a fazer DBT? Como lidar com a complexidade da DBT e o medo de atender pessoas com alto risco de suicídio? Um pouco sobre como o Tony aprendeu DBT. 
  • Sobre os desafios percebidos e a implementação da DBT na América Latina.
  • Sobre supercontrole e a RO-DBT (e como talvez a DBT lide com algumas das mesmas questões). 
  • (E como não podia faltar) Sobre mindfulness na DBT e algumas histórias sobre como a Marsha ensinou questões relacionadas a mindfulness ao Tony.

Quem é Tony DuBose:

Psicólogo clínico com fellow em clínica psicológica infantil pela Universidade de Washington. Foi diretor de um programa de tratamento hospitalar para adolescentes com alto risco de suicídio no hospital psiquiátrico estadual de Washington (Child Study and Treatment Center) de 1997 a 2001. Nesse período descobriu a existência da DBT e foi fazer seu primeiro treinamento com Marsha Linehan (um pouco dessa história é discutida na entrevista). A partir dali, observando que o que aprendera mudava radicalmente a maneira de tratar aqueles pacientes (e o aumetno da efetividade), dedicou sua carreira a aumentar o alcance da DBT. Tony hoje é Chefe Executivo de Treinamentos da Behavioral Tech, a empresa criada por Marsha Linehan para ficar responsável por manter a alta qualidade do treinamento em DBT de novos terapeutas. É chefe dos treinamentos da Behavioral Tech desde 2011, e durante sua carreira teve oportunidade de ser consultor e dar treinamento para profissionais do mundo todo tratando pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline e alto risco de suicídio. Além disso, Tony hoje é membro do Comitê de Treinamento e Disseminação da Associação Mundial de DBT (World DBT Association)[2].

Veja o currículo completo em https://behavioraltech.org/about-us/trainers-consultants/tony-dubose-psyd/.

Referências

  1. DuBose, A. 2022. Comunicação durante o Treinamento Intensivo em DBT edição de 2022 (16 de março de 2022).
  2. Referência na internet: https://behavioraltech.org/about-us/trainers-consultants/tony-dubose-psyd/. Acesso em 10 de agosto de 2023, às 16:42.
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Escrito por Alexandre Tzermias

Médico psiquiatra formado pelo Instituto Bairral de Psiquiatria, psiquiatra da infância e adolescência formado pela UNICAMP e terapeuta DBT treinado pela Behavioral Tech / DBT Brasil. Trainer-in-Training da Behavioral Tech / DBT Brasil. Co-fundador da DBT Campinas.

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