[Entrevista] Mara Lins fala sobre formação e atuação do(a) psicólogo(a) na Terapia Comportamental Integrativa para Casal (IBCT)

A Terapia Comportamental Integrativa para Casal (IBCT) é uma Terapia Comportamental Contextual voltada para o tratamento de problemas de casais, sendo seus principais autores Neil Jacobson e Andrew Christensen. Para falar sobre o assunto, temos a honra de ter conosco a psicóloga Mara Lins.

Mara Lins é doutora em Psicologia Clínica, mestre em Psicologia Social, especialista em Terapia de Casal e Família. Única latino-americana com treinamento completo em Integrative Behavioral Couple Therapy (IBCT) com os criadores do modelo. Docente e Supervisora de cursos de pós-graduação. Diretora da FACEFI (Faculdade de Psicologia do Centro de Estudos da Família e do Indivíduo). Membro da ACBS (Association for Contextual Behavioral Science) e ‘Presidente eleita–Presidente–Presidente passado’ na gestão de 2019 a 2021 do Chapter da ACBS-Brasil. Membro da equipe CEFI Contextus. Tradutora de livros e autora de capítulos de livros sobre a IBCT. Formação nas Terapias Comportamentais Contextuais, atuando principalmente nos seguintes temas: Terapia Comportamental Integrativa de Casal (IBCT), Terapia Comportamental Dialética e Terapia de Aceitação e Compromisso. Supervisora IBCT.

Comporte-se: Fale um pouco para nós sobre a sua história com a IBCT. Como a conheceu e o que te levou a trabalhar com casais e, especificamente, com a IBCT?

Mara: Sou terapeuta de casal e família há mais de 30 anos. Quando conheci as Terapias Comportamentais Contextuais em 2013, iniciando pela Terapia de Aceitação e Compromisso, fiquei encantada com a abordagem e me perguntado como seria este trabalho com casais. Foi quando conheci o trabalho de Andrew Christensen. O CEFI (Centro de Estudos da Família e do Indivíduo) o trouxe para o Brasil para a realização de um primeiro workshop. A partir de então, todo meu trabalho se voltou para o aprendizado desta abordagem: meu doutorado, mais cursos e treinamentos no Brasil e nos Estados Unidos.

Comporte-se: Quais as principais dificuldades que você percebe na prática com casais, utilizando a IBCT?

Mara: Devido ao fato de a IBCT utilizar um protocolo específico, principalmente os questionários para avaliação da relação e os da semana, no início de minha prática (com casos piloto) houve dificuldades de alguns casais para responderem. Talvez seja algo de nossa cultura, mas com um claro posicionamento da terapeuta sobre a importância deste formato de trabalho, isto não aconteceu mais.

Comporte-se: Como é o processo de formação de um terapeuta IBCT?

Mara: Há a necessidade de fazer os workshops e treinamentos com o criador da abordagem, com terapeutas de sua equipe e realizar supervisão de casos, desde a avaliação e formulação até o final do processo terapêutico. As sessões são filmadas e enviadas para o supervisor da equipe, com o TCLE do casal. Este pontua as intervenções do terapeuta conforme um protocolo específico de avaliação para a IBCT, redige um feedback da sessão e há videochamada semanal para discussão do caso e do atendimento.

Comporte-se: Quais habilidades são importantes que o terapeuta possua ou desenvolva para trabalhar com a IBCT?

Mara: Uma das principais habilidades é a imparcialidade, na compreensão de que é uma relação e o problema deve ser avaliado dentro de um contexto e compreendido como diádico. O terapeuta deve auxiliar na diminuição do comportamento disfuncional, impedir condutas que possam causar danos e melhorar a interação; auxiliar na abertura aos comportamentos privados, evitados, baseados na emoção; aumentar os padrões de comunicação construtiva; prevenir a carga interna emocionalmente negativa (ou gatilhos); enfatizar os pontos fortes e reforçar os ganhos; conceitualizar o caso por meio de uma análise funcional do padrão de interação do casal; auxiliar na forma de comunicação que seja efetiva para a escuta e para a expressão, promovendo maior intimidade para o casal.

Comporte-se: Quais as principais diferenças entre a IBCT e a terapia de casais tradicional?

Mara: A principal diferença é a introdução do conceito de aceitação intrapessoal e interpessoal. Os autores falam que este era o elo perdido que faltava nas demais terapias conjugais.

Comporte-se: Em sua prática com casais, você percebeu influência da pandemia nas dificuldades apresentadas?

Mara: Certamente! A pandemia elevou o nível de estresse, obrigou as pessoas a conviverem no mesmo espaço, fato que não ocorria antes, sem falar nas demais necessidades de ajustes financeiros, escola dos filhos (quando há), ajuda a parentes mais velhos. O nível de tolerância ficou mais baixo e a desregulação emocional aumentou.

Comporte-se: Nesse mês, você irá ministrar um curso sobre IBCT na Ello: Núcleo de Psicologia e Ciências do Comportamento. Conta para gente um pouco sobre como irá funcionar o curso.

Mara: Este curso apresentará os fundamentos e bases teóricas da IBCT, as principais diferenças de outras abordagens, a importância de realizar uma adequada avaliação e formulação dos casos antes de entrar na fase ativa da terapia de casal. A partir de então o trabalho é voltado a um equilíbrio entre aceitação e mudança. Abordaremos como trabalhar o conceito de Aceitação na terapia de casal, apresentando as Estratégias de Aceitação União Empática (vulnerabilidades emocionais) e Distanciamento Unificado (perspectiva), as Estratégias de Tolerância (porque nem tudo é aceito) e as Estratégia de Mudança (Habilidades de Comunicação e de Resolução de problemas), estas já conhecidas da terapia tradicional, mas com características específicas organizadas pela IBCT. Sinto-me muito feliz com a oportunidade de apresentar a IBCT na Ello, é um privilégio!

Comporte-se: Você pode se inscrever no curso que Mara Lins irá ministrar na Ello AQUI.

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Escrito por Isabela Borges

Psicóloga formada pelo Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), realizou a Tutoria em Terapia Comportamental Dialética pela Ello: Núcleo de Psicologia e Ciências do Comportamento, e atualmente realiza a Formação em Terapia Comportamental Dialética pela Elo: Psicologia e Desenvolvimento. Atua na Psicologia Clínica, atendendo adolescentes e adultos individualmente, nas modalidade on-line e presencial. Oferece a oficina de Psicologia e Bem-Estar no projeto UNIPAM Sênior, com foco no desenvolvimento de habilidades para a vida.

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