Uma nova (velha) tarefa na identificação de comportamentos de crianças e adolescentes

Com o retorno das atividades para crianças e adolescentes, diversos profissionais e pesquisadores começaram a investigar quais comportamentos poderiam ter sido impactados pela pandemia. Ou seja, o que as crianças fazem é o alvo central do retorno à normalidade para avaliar o desenvolvimento e potenciais riscos das estratégias de enfrentamento da pandemia.

Contudo, até o momento sabemos muito pouco sobre como crianças e adolescentes vão se comportar no retorno às aulas. Relatos de pais e profissionais sobre dificuldades de readaptação e socialização das crianças tentando navegar nas novidades do retorno gradual das atividades são comuns. Uma questão que tem ganho força é se teremos novos indicadores de comportamentos de risco ou se o conhecimento consolidado anteriormente a pandemia servirá para essa nova etapa (Katz et al., 2020). Enquanto alguns dados apontam para o papel do estresse parental como fonte dos potenciais problemas de desenvolvimento enfrentados pelas crianças durante a pandemia (Araújo et al., 2021), outros pesquisadores apontam para aspectos de qualidade de vida dos pais durante a pandemia como a principal variável (Griffith, 2020).

O que podemos fazer?

Um esforço conjunto entre pais, profissionais e pesquisadores deve ser o passo inicial dessa nova rotina de retomada das atividades presenciais. Compreender quais variáveis novas estão presentes no contexto do desenvolvimento das crianças, em especial das habilidades sociais, será fundamental para fundamentar e, possivelmente, obter mais sucesso em intervenções futuras.

Adicionalmente, as possibilidades de experiências contingentes ao aprendizado que foi negado para muitas crianças pequenas durante a pandemia devem estar baseadas em evidências para sua implantação. Como apontado por Hoagwood et al. (2021), a união entre pais, pesquisadores e profissionais deve ser capaz de fornecer serviços que sejam capazes de identificar e intervir de maneira precoce e uma infraestrutura que consiga avaliar e monitorar a qualidade dos serviços e o saudável desenvolvimento de crianças e adolescentes.

Para saber mais:

Araújo, L. A. D., Veloso, C. F., Souza, M. D. C., Azevedo, J. M. C. D., & Tarro, G. (2021). The potential impact of the COVID-19 pandemic on child growth and development: a systematic review. Jornal de Pediatria, 97, 369-377.

Griffith, A. K. (2020). Parental burnout and child maltreatment during the COVID-19 pandemic. Journal of family violence.

Hoagwood, K. E., Gardner, W., & Kelleher, K. J. (2021). Promoting Children’s Mental, Emotional, and Behavioral (MEB) Health in All Public Systems, Post-COVID-19. Administration and Policy in Mental Health and Mental Health Services Research, 48(3), 379-387.

Katz, C., Priolo Filho, S. R., Korbin, J., Bérubé, A., Fouche, A., Haffejee, S., … & Varela, N. (2021). Child maltreatment in the time of the COVID-19 pandemic: A proposed global framework on research, policy and practice. Child abuse & neglect, 116, 104824.

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Escrito por Sidnei R. Priolo Filho

Psicólogo, Mestre e Doutor em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos. Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Forense da Universidade Tuiuti do Paraná em Curitiba.

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