Como prometido na postagem anterior, farei uma série de pequenos textos discutindo aspectos das Habilidades Sociais com base no livro
Manual de Avaliação e Treinamento das Habilidades Sociais, de Vicente Caballo.Pensei em falar deste tema hoje, especificamente, ao ler
esta postagem de meu amigo Felipefrog em seu blog.
O primeiro texto é introdutório. Falarei um pouco sobre como iniciar conversações. Em outras palvras, como abordar pessoas.
Como poderão observar ao longo da série de textos, iniciar e manter uma conversação é mais simples do que parece. Além disso, ninguém pode fazer milagres. Se a outra pessoa não está interessada em conversar, há pouco a se fazer.
Não há uma maneira exata de abordar alguém. Como explica Caballo, o jeito mais adequado varia de acordo com algumas variáveis contextuais como: local, horário e características e situação atual da pessoa em questão.
Uma boa maneira de abordar alguém é utilizando propriedades deste contexto. Funcionam como um motivo e, a princípio, podem esconder adequadamente às verdadeiras intenções. O autor ressalta ainda que, embora geralmente as pessoas gostem de estar acompanhadas em seus momentos livres, elas costumam evitar situações em que, declaradamente, quem aborda deseja estabelecer um nível mais profundo de contato. Expressar de maneira direta intenções pessoais no início de uma interação pode assustar a pessoa. Uma aproximação sucessiva sempre cai bem.
Com realizar esta aproximação? Alguns passos simples são: 1) falar sobre o contexto/situação; 2) falar sobre aspectos superficiais a seu respeito e a respeito da pessoa, e; 3) falar sobre o que está sentindo e pensando na presença dela, à medida em que vai tendo abertura para isto.
O que mais dificulta as pessoas na hora de iniciar alguma conversação, é não saber como abordar a situação, que informação buscar, e que tipo de comportamento é mais adequado. Não saber disso gera certa insegurança, o que pode tornar a tarefa mais difícil do que é na realidade.
Gambrill e Richey (citados por Caballo, 2006, p. 241) citam oito maneiras de se dar início a uma conversa. Como considero algumas repetitivas ou inadequadas para nossa realidade social, coloco aqui algumas delas:
1) fazer uma pergunta ou comentário sobre a situação: não precisa ser, necessariamente, a situação imediatamente presente. Isto envolve, por exemplo, eventos, notícias, e demais fatos da cidade.
2) fazer elogios sobre algum aspecto de seu comportamento, aparência ou qualquer outro atributo: sempre de maneira discreta para não assustar, como comentado anteriormente.
3) pedir ajuda, conselho, opinião ou informação à outra pessoa: se for pedir um conselho a algum desconhecido, cuidado para não expor demais sua intimidade. Isto também assusta.
4) oferecer algo a alguém: requere atenção com relação a quem e ao que se oferece.
5) cumprimentar a outra pessoa e apresentar-se: uma das maneiras mais comuns de se abordar alguém. Esta, no entanto, torna um pouco mais difícil continuar a conversação depois. É importante que já esteja com algum assunto na ponta da língua.
Antes de dar início a qualquer interação, é importantíssimo que se observe os aspectos não verbais que a pessoa com quem desejamos falar manifesta. Coisas simples, como expressões de raiva, felicidade, sono, preocupação, direção do olhar, etc., podem nos dar pistas do interesse e abertura ao diálogo do outro.
Embora muitos procurem a frase perfeita pra abordar alguém, na verdade, o que se diz não tem muita importância, contanto que não seja uma expressão invasiva ou negativista. Falas casuais são adequadas, desde que acompanhadas por uma expressão não verbal de interesse e agrado. Se o outro tiver algum interesse, possivelmente permitirá a aproximação.
Garner (citado por Caballo, 2006, p.242) assinala que, dentre as três principais maneiras de iniciar uma conversação – a saber, fazer uma pergunta, dar uma opinião ou assinalar um fato, a última é, talvez, a melhor. Para tanto, podemos nos fixar em coisas do contexto que estejam chamando a atenção da outra pessoa.
Caballo adverte que, ser repelido, não é o fim do mundo. É possível que a pessoa esteja de mau humor, e portanto, recusaria qualquer tipo de aproximação. Pode ser também que, embora sua fala tenha sido bastante adequada, essa pessoa te interprete mal. A outra pessoa pode, também, simplesmente não estar interessada em nenhum tipo de aproximação.
Geralmente não é com uma ou duas palavras que conseguimos nos aproximar de alguém. Dado o primeiro passo, que é iniciar a conversação, é preciso mantê-la e saber a hora de encerrar. Em uma próxima postagem falarei sobre algumas técnicas básicas que Caballo cita. Aguardem.
Reparem que, durante todo o texto, chamei a atenção aos aspectos do contexto. Se tem algo que de fato merece ser enfatizado é isto: contexto. Procure adequar-se ao contexto, não só no jeito de falar, mas também no jeito de se vestir ou comportar-se.
O jeito de se vestir também conta muito. Elegância, cuidado com a própria aparência, higiene, são aspectos fundamentais. Por elegância, não me refiro a vestir-se a rigor, mas vestir-se adequadamente ao contexto.
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