As demências são síndromes caracterizadas por processos neurodegenerativos, a partir dos quais se originam declínios cognitivos progressivos e, por isso mesmo, devastadores. Estima-se que de 2 a 4% da população com mais de 65 anos apresenta a doença de Alzheimer,(1) a qual responde por cerca de 50% dos casos demenciais.(2)
A neurodegeneração na doença de Alzheimer ocorre em virtude do acúmulo das proteínas beta-amilóide e tau, as quais constituem, respectivamente, placas senis e emaranhados neurofibrilares. Essas constituições protéicas comprometem a neurotransmissão, e em decorrência disso diversos domínios cognitivos vão sendo progressivamente prejudicados.
De acordo com o DSM-IV,(3) os sintomas clínicos típicos da doença de Alzheimer são:
- comprometimentos de memória (problemas em adquirir, consolidar e/ou recuperar informações);
- afasia (perturbação da linguagem);
- apraxia (capacidade prejudicada de executar atividades motoras);
- agnosia (incapacidade de reconhecer ou identificar objetos) e;
- perturbação do funcionamento executivo (p. ex., dificuldades em planejar, organizar e sequenciar ações).
A utilização combinada de instrumentos de avaliação cognitiva e de escalas de avaliação funcional se faz importante para a fundamentação do diagnóstico.(4) Cabe ressaltar que o diagnóstico embasado em manuais, entrevistas e/ou técnicas de imageamento é probabilístico, restando à análise anatomopatológica do encéfalo (realizada pos mortem) verificar acertadamente a hipótese.
Ainda não se sabe ao certo as causas do acúmulo protéico exacerbado que caracteriza a doença de Alzheimer. Fatores genéticos e ambientais parecem trabalhar em conjunto. Mesmo que o curso da doença de Alzheimer seja irreversível, há procedimentos farmacológicos e de reabilitação razoavelmente capazes de retardar seu desenvolvimento. Como em praticamente toda condição patológica, o diagnóstico precoce permite que as intervenções disponíveis sejam mais efetivas.
Referências bibliográficas:
(2) CHARCHAT, Helenice; NITRINI, Ricardo; CARAMELLI, Paulo & SAMESHIMA, Koichi. (2001). Investigação de Marcadores Clínicos dos Estágios Iniciais da Doença de Alzheimer com Testes Neuropsicológicos Computadorizados. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2001, vol.14, n.2 [cited 2010-07-11], pp. 305-316.
(3) American Psychiatric Association. (1994). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (4th ed.). Washington, DC: Author.
(4) NITRINI, Ricardo et al. (2005). Diagnóstico de doença de Alzheimer no Brasil: avaliação cognitiva e funcional. Recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 63, n. 3a, Sept. 2005.