Um pouco sobre a doença de Alzheimer

Olá, prezados leitores. Meu nome é Daniel F. Gontijo, sou psicoterapeuta, pós-graduando em Neurociências (lato sensu) pela UFMG e um dos novos colunistas do site “Comporte-se. Para iniciar minha atividade por aqui, deixarei algumas palavras a respeito de um mal que vem afligindo cada vez mais pessoas no tardar do desenvolvimento: a doença de Alzheimer.

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Esquecer o caminho de casa, tornar-se incapaz de manusear o dinheiro e deixar o almoço queimar regularmente são indícios de que a cognição está, por algum motivo, “enferrujando”. Por trás desse quadro semiológico, que acomete sobretudo a população idosa, não raro constata-se a incidência da doença de Alzheimer.

As demências são síndromes caracterizadas por processos neurodegenerativos, a partir dos quais se originam declínios cognitivos progressivos e, por isso mesmo, devastadores. Estima-se que de 2 a 4% da população com mais de 65 anos apresenta a doença de Alzheimer,(1) a qual responde por cerca de 50% dos casos demenciais.(2)

A neurodegeneração na doença de Alzheimer ocorre em virtude do acúmulo das proteínas beta-amilóide e tau, as quais constituem, respectivamente, placas senis e emaranhados neurofibrilares. Essas constituições protéicas comprometem a neurotransmissão, e em decorrência disso diversos domínios cognitivos vão sendo progressivamente prejudicados.

De acordo com o DSM-IV,(3) os sintomas clínicos típicos da doença de Alzheimer são:

  • comprometimentos de memória (problemas em adquirir, consolidar e/ou recuperar informações);
  • afasia (perturbação da linguagem);
  • apraxia (capacidade prejudicada de executar atividades motoras);
  • agnosia (incapacidade de reconhecer ou identificar objetos) e;
  • perturbação do funcionamento executivo (p. ex., dificuldades em planejar, organizar  e sequenciar ações).

Ainda conforme o DSM-IV, o diagnóstico da doença de Alzheimer inclui a necessidade de defasagem de pelo menos uma função cognitiva além da memória.

A utilização combinada de instrumentos de avaliação cognitiva e de escalas de avaliação funcional se faz importante para a fundamentação do diagnóstico.(4) Cabe ressaltar que o diagnóstico embasado em manuais, entrevistas e/ou técnicas de imageamento é probabilístico, restando à análise anatomopatológica do encéfalo (realizada pos mortem) verificar acertadamente a hipótese.

Ainda não se sabe ao certo as causas do acúmulo protéico exacerbado que caracteriza a doença de Alzheimer. Fatores genéticos e ambientais parecem trabalhar em conjunto. Mesmo que o curso da doença de Alzheimer seja irreversível, há procedimentos farmacológicos e de reabilitação razoavelmente capazes de retardar seu desenvolvimento. Como em praticamente toda condição patológica, o diagnóstico precoce permite que as intervenções disponíveis sejam mais efetivas.

Assista abaixo um vídeo breve mas satisfatoriamente ilustrativo a respeito do curso da doença de Alzheimer.

Referências bibliográficas:

(1) Consultado em http://virtualpsy.locaweb.com.br/dsm_janela.php?cod=42

(2) CHARCHAT, Helenice; NITRINI, Ricardo; CARAMELLI, Paulo & SAMESHIMA, Koichi. (2001). Investigação de Marcadores Clínicos dos Estágios Iniciais da Doença de Alzheimer com Testes Neuropsicológicos Computadorizados. Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2001, vol.14, n.2 [cited 2010-07-11], pp. 305-316.

(3) American Psychiatric Association. (1994). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (4th ed.). Washington, DC: Author.

(4) NITRINI, Ricardo et al. (2005). Diagnóstico de doença de Alzheimer no Brasil: avaliação cognitiva e funcional. Recomendações do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 63, n. 3a, Sept. 2005.

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Escrito por Daniel Gontijo

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