Hoje vamos voltar no tempo… mais especificamente ao ano de 2005. Neste ano era lançado o filme Closer-Perto Demais. Se não viu esse clássico, corre lá e assiste, antes de ler este artigo.
O filme apresenta as cenas de diálogos mais interessantes do cinema. A assertividade está presente em cada diálogo, que de tão sincero, traz impacto.
O filme começa com uma visão “de longe” dos dois casais protagonistas, e à medida que o filme avança e vamos chegando “perto demais” observamos que aqueles casais que pareciam perfeitos no início do filme, vão se tornando mais imperfeitos do que imaginávamos.
Já ouviu aquele ditado que diz que “de perto ninguém é normal”? Pois esse filme se trata disso. De como quando não conhecemos todas as contingências das vidas de qualquer pessoa, é muito fácil achar que a mesma tem a vida perfeita. Então vem comigo aprender algumas lições com o filme Closer.
Primeira lição: Conheça as contingências (Uma formulação das interações entre um organismo e o seu meio ambiente, para ser adequada, deve sempre especificar três coisas: 1) a ocasião na qual ocorreu a resposta, 2) a própria resposta e 3) as consequências reforçadoras. As relações entre elas constituem as ‘contingências de reforço.” (Skinner, 1974, p. 182). Trazendo para o nosso dia a dia, é muito fácil acharmos que a vida do outro é perfeita, principalmente quando não conhecemos as condições reais da vida do outro. É necessário entender a história de vida da pessoa, bem como suas condições atuais para entender como e porque agem como agem. E isso vale também para os nossos próprios comportamentos. Como já dizia Skinner (1974) quando descobrimos as causas, temos a possibilidade de prever e controlar os comportamentos e de certa forma também controlá-lo.
Segunda lição: Não faça generalizações. Muitas vezes em nossa vida pensamos e dizemos coisas como: “todo mundo viaja menos eu”, “todo mundo melhora de vida, menos eu”. É importante não nos impressionarmos com a primeira impressão, que uma pessoa, casal ou família demonstra. As vezes ao chegarmos perto, vemos que no paraíso também há cravos e não só rosas. Anna, personagem do filme, parecia ter uma vida perfeita, um marido (Larry) e casamento perfeitos, para as pessoas que os rodeavam, mas ao aprofundar na relação, podemos observar que havia, muitas traições, e uma falta de confiança mútua entre o casal e no fundo, Anna não estava feliz na relação. O que também acontecia com Dan um escritor que aparentava ser um sucesso, mas seu livro fracassou, bem como sua relação com Alice, que girava mais em torno de um interesse comercial e na falta de confiança.
Durante o filme podemos perceber que as relações que pareciam sólidas no início, se mostraram frágeis e cheias de coisas não ditas entre os casais.
Terceira lição: Seja Assertivo. Os diálogos desse filme são sensacionais!!! Cheios de verdades nuas e cruas e com perguntas e respostas que gostaríamos de fazer, mas no fundo não temos coragem!
Os casais só passam de fato a se conhecer quando começam a dialogar de forma franca um com o outro, e aí descobrem que até eles mesmos se enganam sobre o tipo de relação que estavam vivendo, e até sobre si mesmos.
O filme nos mostra em grande parte diálogos bem assertivos. Para quem não lembra uma comunicação assertiva se caracteriza pela presença de expressão de sentimentos, qualidades e defeitos, concordar ou não com outras opiniões, recusar a fazer algo, lidar bem com críticas, defender os próprios interesses, resistir à pressão dos grupos. (Del Prette e Del Prette, 2017)
Apesar disso, podemos observar no filme que várias vezes, as características de uma comunicação assertiva são feridas, principalmente no que se refere ao que chamamos nas Habilidades Sociais de regra de ouro que consiste, em não fazer com o outro o que não gostaria que fizessem com você.
Esse é um cuidado que devemos ter, de expressar nossos sentimentos sem ferir ao outro e a si mesmo.
Quarta lição: A Importância do Autoconhecimento:
O filme, começa a dar uma virada quando os protagonistas começam a se autoconhecer, para Skinner“O autoconhecimento tem origem social. Somente quando o mundo privado de uma pessoa se torna importante para outros é que se faz importante para ela mesma.” E isso fica bem claro no filme à medida que há uma troca de casais, e os mesmos se sentem ouvidos, principalmente entre Alice e Larry, eles se reconhecem enquanto seres que foram traídos e passam a lidar melhor consigo mesmo diante da traição.
Quinta Lição: Você sempre pode escolher. Após todas as idas e vindas dos casais, ao final do filme (SPOILER!), a nossa visão vai se afastando de novo dos casais, e eles voltam a passar a impressão de que tem uma vida perfeita.
No entanto algumas decisões são tomadas no caminho… Larry volta para Anna, Alice retorna aos Estados Unidos e Dan, volta a sua vida de solteiro. Todos eles tiveram a oportunidade de se autoconhecer, experimentar coisas novas e por fim decidir seus destinos. Muitas vezes nos encontramos em uma situação que é necessário realizar esse processo de autoconhecimento, para enfim podermos decidir que caminhos tomar.
A Psicoterapia pode ser esse espaço onde podemos nos enxergar de maneira mais clara, sem os filtros da redes sociais, que na maioria das vezes deixa nossa vida mais cinza e a vida do outro mais colorida. Te convido a experimentar uma jornada de auto conhecimento, com um profissional que possa estar ao seu lado no caminho.
O importante é que sempre temos uma escolha, mesmo que pareça que não!
Na vida podemos olhar de longe, ou dar um closer, o risco é que podemos chegar perto demais!
Skinner, BF. Sobre o Behaviorismo. (1974). São Paulo: Cultrix
Del Prette A., Del Prette, Z. A. P. (2017). Competência Social e Habilidades Sociais: Manual Teórico-prático. Petrópolis: Editora Vozes.