Em uma reportagem no Fantástico, na qual foram também realizadas entrevistas com psiquiatras e portadores de esquizofrenia, Bruno conta um pouco sobre como foi montado o personagem.
Ele mostra de maneira clara alguns aspectos comuns aos contextos nos quais os ditos esquizofrênicos vivem: grande cobrança por parte de pessoas significativas (no caso os pais); hostilidade e punição severa quando não atinge o que é esperado; família que não consegue aceitar a doença (a mãe nega-a, o pai minimiza a situação); discriminação social; entre outros.
Mostra também diversos comportamentos característicos do esquizofrênico, tais como: delírios (pensamentos irreais); alucinações (percepções irreais); comportamento considerado estranho pelos outros que convivem com ele; fala desorganizada; grandes limitações ocupacionais; pobreza em habilidades sociais; pouco auto-cuidado; continuidade dos sinais da doença; entre outros.
Importante lembrar que não é condição sine qua non a presença de todos estes sinais para que uma pessoa seja considerada esquizofrênica. Quem quiser conferir de maneira mais detalhada os critérios diagnósticos, clique aqui.
Até hoje não se sabe as causas da doença. Existem, no entanto, grandes progressos no tratamento dela em Análise do Comportamento. Através da manipulação de contingências podem ser extintos comportamentos inapropriados (característicos da esquizofrenia) e ensinados comportamentos apropriados (não característicos da esquizofrenia, como habilidades sociais, por exemplo).
O que se procura proporcioar ao esquizofrênico são mais situações como esta do vídeo abaixo (clique na imagem para assistir), onde comportamentos não relacionados a esquizofrenia são valorizados, especialmente por pessoas significativas na vida dele.
Discussão interessante que se iniciou em um chat no msn quando falávamos a respeito é que, o fato de a pessoa deixar de relatar delírios e alucinações, não quer dizer que ela tenha parado de delirar e alucinar. Ela pode continuar imaginando as mesmas coisas que antes – quando foi diagnosticada como esquizofrênica -, e ter parado de falar delas para não ser recriminada/ excluída socialmente.
Porém, como saber o que a pessoa imagina se não através de seu relato? Se ela não dá sinais públicos (comportamentos observáveis) relacionados a esquizofrenia, não há como enquadrá-la no diagnóstico de esquizofrenia – portanto, não é esquizofrênica, até que existam comportamentos públicos relacionados a ela.