Nas minhas leituras em Análise do Comportamento me deparei com dois conceitos muito usados na nossa area: Análise Funcional e Avaliação Funcional. Para uns uma diferenciação necessária, para outros nem tanto assim… Estes conceitos podem nos ajudar na prática, e sem dúvida é necessário que nos apropriemos deles, concordando com sua diferenciação ou não.
Para começar, é necessário deixar claro que para Skinner não há essa diferenciação, para ele todo o processo descrito a seguir nomeia-se Análise Funcional.
Segundo Skinner (2003) a identificação das variáveis externas das quais o comportamento é função é chamada de análise funcional. Tentar prever e controlar o comportamento de um organismo implica em identificar as variáveis dependente e independente que controlam os comportamentos. A variável dependente é a variável que sofre o efeito de outras variáveis, para a qual procuramos a causa, e a variável independente são as causas do comportamento, sendo esta as condições externas das quais o comportamento é função. (Skinner, 2003)
Moreira e Medeiros (2007) afirmam que a análise funcional é a busca dos determinantes de um comportamento, de sua função e não de sua forma, ou seja, busca identificar relações funcionais entre o comportamento e o ambiente, em que comportamentos iguais podem ter funções diferentes e comportamentos distintos podem ter a mesma função.
Portanto para uma intervenção eficaz é necessário haver a identificação da função deste comportamento para cada indivíduo. Essa prática é de extrema importância, se não nos tornaremos meros reprodutores de “receitas” comportamentais que deram certo.
Já avaliação funcional refere-se a toda a gama de estratégias utilizadas para identificar os antecedentes e consequentes que controlam o comportamento problema sem que haja manipulação desses eventos. A avaliação funcional é um processo criado desde os primórdios da análise do comportamento aplicada, ganhando precisão conceitual e metodológica no final da década de 70 e no início da década de 80. Porém somente no final da década de oitenta a avaliação funcional se define como é praticada hoje (Dunlap & Kincaid, 2001).
Horner (1994) afirma essa diferença conceitual ao dizer que análise funcional refere-se à manipulação de eventos ambientais em condições experimentais com observação sistemática do comportamento, tendo como propósito melhorar a eficácia e eficiência do tratamento.
Segundo Iwata et al (2000) os métodos mais precisos para a identificação de função comportamental têm como característica a medida objetiva em que os eventos antecedentes e consequentes são claramente descritos. Segundo Dunlap e Kincaid (2001) existem diversas formas de uma avaliação funcional a ser realizada, entre elas: abordagens indiretas, diretas e experimentais, mas isso já é assunto para um próximo post…
REFERÊNCIAS
Didden, R. (2007). Functional Analysis Methodology in Developmental Disabilities. Em P.Sturmey, Functional Analysis in Clinical Treatment (pp. 283-305). San Diego: Elsevier Inc.
Dunlap, G., & Kincaid, D. (2001). The widening world of functional assessment: comments on four manuals and beyond. Journal of Applied Behavior Analysis, 34, 365-377.Fonte: http://doi.org/10.1901/jaba.2001.34-365
Horner, R. H. (1994). Functional assessment: Contributions and future directions. Journalof Applied Behavior Analysis, 27(2), 401-404. Fonte: http://doi.org/10.1901/jaba.1994.27-401
Iwata, B. A., Wallace, M. D., Kahng, S. W., Lindberg, J. S., Roscoe, E. M., Conners, J., . . .Worsdell, A. S. (2000). Skill acquisition in the implementation of functional analysis methodology. Journal of Applied Behavior Analysis, 33(2), 181-194. Fonte: http://doi.org/10.1901/jaba.2000.33-181
Moreira, M. B., & Medeiros, C. A. (2007). Princípios básicos de análise do comportamento.Porto Alegre: Artmed.
Skinner, B. F. (2003). Ciência e Comportamento Humano (11ª ed.). São Paulo: Martins Editora.