A Difícil Arte de Dizer Não

Esse é um tema particularmente interessante para mim. Tanto na vida pessoal como nos atendimentos clínicos que realizo. Ao longo dos anos tenho ajudado os pacientes a encontrar o que eu chamo de “poder libertador do não!” Antes que você possa me acusar de ter um discurso a lá coach, quero deixar claro que na terapia o processo não se dá em negar todas as requisições que nos são feitas, mas sim negar de maneira pensada e consciente, de forma congruente com o que sentimos e pensamos, para escolhermos dizer o não sem culpas ou sentimentos de ansiedade.

Esses tipos de sentimentos considerados ansiosos são comumente experimentados por       quem tem dificuldade em dizer não. Muitos pacientes relatam sentir medo de desagradar o outro, não se sentirem amados e culpados quando conseguem dizer essa palavrinha. Socialmente falando, ser alguém que sempre diz sim geralmente gera reforços sociais. Segundo Falcão (2014), as Habilidades Sociais são mantidas por suas consequências.

Mas como lidar então com essa dificuldade e descobrir “o poder libertador do não?” Alguns pontos são importantes nesse processo:

  1. É importante fazer uma autorreflexão e entender o que está por trás da       dificuldade de dizer não;
  2. Esteja atento aos sentimentos que dizer não despertam em você;
  3. Pondere os prós e contras de dizer não em cada situação;
  4. Seja congruente com o que pensa e sente.

Algumas questões práticas são importantes caso decida negar algo a alguém:         seja direto e o mais claro possível; não precisa dar grandes explicações;           ofereça uma alternativa, se possível, e tenha empatia.

E talvez o mais importante: treine dizer não, no dia a dia, em pequenas situações. Isso o ajudará a colocar em prática, quando necessário, o comportamento assertivo de dizer não.

A assertividade é uma habilidade social e como toda habilidade social precisa ser praticada, sem prática e exercícios não há aquisição de assertividade. Ela  é uma habilidade fundamental para o crescimento e desenvolvimento pessoal, porque quando somos assertivos dizendo e fazendo o que queremos, além de dirigirmos nossas vidas, ganhamos tempo e energia para nos dedicarmos às coisas que realmente importam para nós (Caballo, 2008)

Para tanto é importante e propicio que este treinamento sejam realizado através da psicoterapia, pois um profissional habilitado poderá lhe ajudar no processo de treinar a assertividade, através de diversos exercícios que facilitam esse processo, além do apoio emocional especializado que você terá ao surgir questões emocionais nesse processo. Pense nisso !

REFERENCIAS

FALCÃO, A. P. (2014). Avaliação da eficácia de uma intervenção em grupo com escolares para a promoção de melhores interações sociais (Dissertação de mestrado não publicada). Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP

CABALLO, V. Manual de Avaliação e Treinamento das Habilidades Sociais. São Paulo: Ed. Santos, 2008.


 

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Escrito por Fernanda Cerqueira

Psicóloga Clínica. Mestre em Análise e Evolução do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás). Especialista em Terapia Analítico Comportamental Clínica pela Unijorge. Pós Graduanda em Psicologia Hospitalar pela Santa Casa BA. Psicóloga, formada pela União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime) Salvador BA.
E-mail para contato:
nandacerqueira-@hotmail.com

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