Historicamente na Análise do Comportamento, o termo agências de controle foi descrito por Skinner (1953/2003). Mais especificamente, no capítulo doze do livro Ciência e Comportamento Humano, o autor explicita que os grupos sociais têm sua própria cultura, exercendo controle comportamental em seus membros através de reforço e punição. Acrescenta também que os grupos geralmente não são muito organizados e consistentes.
Então, dentro dos grupos há o que Skinner (1953/2003) denominou agências de controle, elas são responsáveis por manipular de forma organizada contingências específicas. No mesmo livro, Skinner descreve as agências: governo, religião, psicoterapia, entre outros.
E o que estas agências têm em comum?
Além da forma organizada como trabalham, suas práticas são legitimadas de acordo com o poder empregado a estas (Skinner, 1953/2003).
Podem ser consideradas agências de controle, pessoas e/ou organizações que incentivam, acompanham, selecionam tipos específicos de interação (Todorov, 2020).
Mesmo quando uma pessoa controla a apresentação de consequências, como faz o terapeuta na psicoterapia ou a mãe na família, esse controle é exercido segundo regras próprias das instituições legitimadas “psicoterapia” e “família” (Todorov, 2020).
Poder, regras, incentivos, descrições, são viabilizados através do comportamento verbal, que pode ser estudado no mesmo livro de Skinner citado anteriormente.
Não é uma característica o espaço físico específico, mas seu modo de operar, o conjunto das relações condicionadas a caracterizam (Todorov, 2020).
Exemplos de técnicas de controle descritas por Skinner (1953/2003):
Classificação do grupo para comportamentos “certos” e “errados”. No governo, o termo adotado é “legal” e “ilegal”, nas igrejas, o termo empregado é “moral” ou “imoral” e/ou “virtuoso” ou “pecaminoso”;
– Observa-se que aqui que o governo opera, em várias ocasiões, punindo especificamente as ações consideradas ilegais.
– Na Igreja, a própria descrição de Céu e Inferno já indicam verbalmente as consequências reforçadoras e punitivas aos comportamentos “morais” e “imorais”. Além disso, existem algumas religiões onde há prática de confissões, onde o praticante da religião expõe a um líder específico seus comportamentos “imorais”.
As agências de controle só usam punição?
Nem só de punição vivem as agências de controle. Sidman (2009), descreve em seu livro vários experimentos e ações governamentais, familiares, entre outras, que tem como modelo de controle comportamental práticas punitivas. Acrescenta a esta descrição os “efeitos colaterais” ao uso destas práticas e enfatiza que esta não é a única alternativa, sendo efetivo o uso de reforçadores positivos.
Os comportamentos-alvo a serem selecionados neste contexto são os de obediência. Enquanto que os que estão selecionando estes comportamentos de obediência, são referências de autoridade. Observa-se aqui a importância da comunidade verbal, estabelecendo não apenas o que é certo ou errado, mas atribuindo uma função às palavras, um significado.
O lugar destas agências na vida em sociedade é vasto, a soberania do Estado dita as regras gerais e os grupos subordinados respondem também a estas regras. As famílias, escolas, igrejas, associações, têm seus limites descritos nas leis e quando o infringem podem responder as consequências estabelecidas previamente.
A importância desta seleção de comportamentos pode ser observada principalmente em situações onde os indivíduos não conseguiriam opinar sobre quais escolhas seriam adequadas à própria sobrevivência, situações imprevisíveis. Quando surgem situações para as quais os indivíduos não tem resposta, ele faz simplesmente o que mandam (Skinner, 1953/2003).
Sendo assim, o Estado – as autoridades que o representam – tem função responsável para o estabelecimento de regras e limites que mantenham a sociedade viva e segura.
Referências:
SIDMAN, M. Coerção e suas implicações. Trad.: ANDERY, M.A. SÉRIO, T.M. Ed. Livro Pleno, 2009.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
TODOROV, J. C. Comportamento e Cultura: análise e interações. Brasília: Technopolitik, 2020.