A tecnologia está cada vez mais presente na nossa vida cotidiana e está se tornado mais acessível, com o uso de Smartphones, tablets, notebooks e conexões de internet de alta velocidade. Dada a importância da tecnologia em nossa sociedade, não é de se espantar que as organizações de saúde tenham adotado a tecnologia para prestar serviço de maneiras inovadoras – e é isso que vem sendo denominado “Telehealth” traduzindo: “Telessaúde”.
Acontecimentos recentes vieram a acentuar e acelerar este movimento já existente em nossa sociedade. A Pandemia do Corona Vírus (COVID -19) produziu um grande movimento de todos os profissionais, principalmente os da saúde, a utilizarem recursos tecnológicos para continuar prestando seus serviços e amparando seus clientes/pacientes.
Os conselhos Regionais de Psicologia (CRP), de Fonoaudiologia (CRF) e de Terapia Ocupacional (CREFITO) emitiram notas autorizando que os atendimentos fossem feitos à distância, via videoconferência. No entanto, a Terapia ABA, aplicada a indivíduos com TEA e outros distúrbios do desenvolvimento, possui algumas especificidades que a diferencia das terapias mais “tradicionais”’. E a pergunta que nos invade diante do exposto é: A Terapia ABA funciona por vídeo-conferência?
Para responder a esta pergunta vou recorrer a uma revisão de literatura pulicada no Jornal of Behavioral Education (Tomlinson, S. R. L; Gore, N.; McGill, P. 2018).
O principal objetivo de tal artigo, através de uma revisão sistemática de literatura, foi realizar um levantamento de artigos que realizaram atendimento ABA a partir do recurso de “telessaude”, e posteriormente analisar seus resultados.
Os autores identificaram 20 artigos que se concentravam no atendimento via videoconferência para aplicação da terapia ABA. Ao todo, 104 crianças receberam o apoio de alguém treinado via “telessaude”.
Os resultados obtidos através da análise dos artigos fornecem suporte inicial ao uso da “telessaude” como forma de efetivamente implementar programas ABA, realizar procedimentos de ensino e intervenções específicas. Em alguns casos, constatou-se que o atendimento via “telessaude” produziu resultados comparáveis aos do atendimento presencial tradicional: resultou em mudanças de comportamento importantes para os clientes. Além disso, o atendimento em “telessaude” foi classificado como altamente válido socialmente.
Portanto, oferecer este tipo de atendimento é uma possibilidade, desde que sejam consideradas e analisadas as características individuais de cada paciente, o contexto para a adoção deste modelo de suporte, e as variáveis econômicas e políticas vigentes no país, garantindo que tal modalidade será usada somente quando for apropriada e útil.
Apesar dos resultados promissores levantados pelos autores, eles destacam que mais pesquisas de alta qualidade são necessárias.
Tabela 1: Serviços de Saúde prestados por “telessaúde” e algumas de suas literaturas cientificas (Levantamento realizado a partir de Tomlison, S.R.L; Gore, N.; McGill, P.; 2018).
Intervenção Referência da literatura
Serviço de diagnóstico médico | Edison et al. 2008;Torres-Pereira et al. 2008. |
Monitoramento de condições de longo prazo | Fatehi et al.2014; Inglis et al. 2014. |
Treinamento dos pais | Reese et al. 2015; Xie et al. 2013; Patterson 1974; Patterson et al. 1982 |
Intervencoes fonoaudiológicas | Georgeadis et al. 2004; Grogan-Johnson et al. 2011. |
Apoio a saude mental | Klein et al. 2010; Mitchell et al. 2008. |
Atendimento Psicológico | Vandenbos e Williams 2000; Bowles e Nelson 1976; Stumphauzer 1971. |
Atendimento em ABA | Deliperi et al. 2015; Downs and Downs 2013; Wacker et al. 2017; Sheridan et al. 1996; Sheridan e Kratochwill 2007; Watson e Robinson 1996; Wilkinson 2006; Garbacz e McIntyre 2016; Sheridan et al. 2006; Sheridan et al. 2013; Wacker et al. 2017. |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Tomlinson, S. R. L; Gore, N.; McGill, P. Training Individuals to Implement Applied Behavior Analytic Procedures via Telehealth: A Systematic Review of the Literature. J Behav Educ (2018) 27:172–222. https://doi.org/10.1007/s10864-018-9292-0
Autora:
Larissa Aguirre – Psicóloga, Analista do Comportamento, Mestranda em Psicologia Experimental: Analise do Comportamento – PUC SP e Supervisora ABA no Grupo Conduzir.