Saiba como foi o Treinamento Intensivo em Ativação Comportamental – Edição São Paulo

Aconteceu em São Paulo, entre os dias 11 e 14 de abril de 2019, o Treinamento Intensivo em Ativação Comportamental Aplicada a Depressão promovido pelo IACC (Instituto de Análise do Comportamento de Curitiba) em parceria com a ApreendHere, com aulas ministradas pelos Profs. Dr. Paulo Abreu e Ms. Juliana Silvério. O encontro ocorreu como parte do projeto do IACC de formação de Ativadores Comportamentais, composto por treinamentos em várias outras cidades no Brasil e no exterior, como Hernandarias e Ciudad del Est.

Para quem não sabe, a Ativação Comportamental é apontada por diversos Ensaios Clínicos Randomizados e Meta Análises como um dos tratamentos mais eficazes para Depressão, de modo que é reconhecida por instituições internacionais como tratamento de primeira escolha para pacientes deprimidos, segundo a OMS-Organização Mundial de Saúde, a APA-Associação Americana de Psicologia e o NICE-The National Institute for Health and Care Excellence.

Estivemos lá e apresentamos hoje uma breve resenha do que aconteceu para você possa ter uma ideia do que poderá aprender participando das próximas edições. Desde já, adiantamos que a palavra “intensivo”, que aparece no título do treinamento, faz muito sentido. O Paulo e a Juliana criaram uma estrutura de aula que combina o ensino de muitas estratégias de intervenção, muitos conceitos importantes e muita, muita prática supervisionada e discutida em grupo. Essa receita fez do treinamento uma oportunidade de ouro para quem deseja aprender a aplicar a Ativação Comportamental. O interessante é que os aspectos teóricos relevantes para a prática são detalhadamente explicados e discutidos antes e depois das simulações de atendimento, o que torna o curso indicado tanto para quem já possui conhecimento em Ativação Comportamental e deseja adquirir segurança, traquejo e fluidez no desenvolvimento do tratamento, quanto para quem ainda não a conhece e precisa aprender também suas bases.

Seguindo esta estrutura – apresentação conceitual, prática e discussão –, os participantes aprenderam sobre os diversos modelos de Ativação Comportamental existentes, desde os mais antigos até os mais modernos, sobre a utilização de diversos instrumentos de avaliação, monitoramento, desenvolvimento de repertório e generalização, sobre o manejo de dificuldades comuns no atendimento de pacientes depressivos – como a ruminação, a baixa motivação, exposição a contextos de violência, insônia entre outros –, manejo de risco de suicídio, trabalho conjunto com Médico Psiquiatra e muito mais. Confira, no final do texto, a ementa completa do curso.

O treinamento para uso dos instrumentos de avaliação, monitoramento, desenvolvimento e generalização de repertório foi feito de maneira experiencial: os participantes do curso respondiam aos inventários, diários e escalas como se fossem pacientes, e em seguida tinham a oportunidade de aprender a correção e discuti-la. No último dia, cada aluno recebeu uma pasta com cópias em branco do material para que pudesse utilizar ao retornar à sua rotina de trabalho. 

As estratégias de intervenção foram explicadas, praticadas em forma de roleplay e analisadas em duplas e no grupo maior com a supervisão dos treinadores. Para muitas delas os treinadores forneciam modelo através de roleplay ou exercícios práticos com o grupo. Após cada uma destas situações, haviam discussões com dúvidas, observações dos participantes e aspectos conceituais relevantes para a compreensão e aprendizado do que havia sido demonstrado.

As estratégias de intervenção ensinadas no curso correspondem ao modelo de Ativação Comportamental desenvolvido no IACC (Instituto de Análise do Comportamento de Curitiba), pelo Paulo Abreu e pela Juliana Silvério. Trata-se de uma proposta de intervenção que combina a estrutura central da Ativação Comportamental tradicional com elementos de ACT (Terapia de Aceitação e Compromisso) para manejo das cognições e de FAP (Psicoterapia Analítica Funcional) para desenvolvimento de habilidades interpessoais. O modelo foi lançado oficialmente no artigo Ativação Comportamental para Depressão: Apresentando um Protocolo Integrador), publicado na Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva em dezembro de 2017, mas é ensinado nos cursos de pós graduação do IACC desde 2006 e na Especialização em Terapia Comportamental da USP (HU-USP) desde 2011. Importante notar que o texto em questão já possui amplo reconhecimento entre profissionais da área. O protocolo foi desenvolvido a partir de um artigo publicado por Paulo Abreu, que vem sendo citado pelos principais nomes internacionais da área, como Christopher Martell, Sona Dimidjian, Derek R. Hopko, Carl Lejuez, e o gênio criador da Ativação Comportamental, Peter Lewinsohn!

De acordo com o site do IACC, várias outras edições nacionais e internacionais do treinamento já estão programadas em 2019. É possível ver as datas e locais acessando o portal (Clique Aqui) para que você se programe para participar. Vale repetir: é uma oportunidade de ouro para quem deseja aprender a aplicar a Ativação Comportamental, um dos tratamentos mais efetivos para a Depressão.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO

  • Diagnóstico Diferencial do Episódio Depressivo Maior
  • Modelos comportamentais clássicos de depressão de C. Ferster e P. Lewinsohn e colaboradores (1974): semelhanças e diferenças
    • A BA como uma psicoterapia baseada em evidências: Analisando ensaios clínicos randomizados sobre BA no tratamento da depressão
    • A Ativação Comportamental de Martell, Addis e Jacobson (2001)
    • Aprendendo a trabalhar com os pensamentos de ruminação
    • Contribuições da Ativação Comportamental Breve no Tratamento da Depressão de Lejuez e colaboradores (2001) em contextos hospitalares.
    • História da ascensão e contestação do modelo Beck e colaboradores (1979) de Terapia Cognitiva para Depressão
    • Sessões iniciais – o que avaliar?
    • Utilização da Agenda dos Eventos Semanais
    • Utilização do Inventário Beck para comparação ponto a ponto do processo terapêutico
    • Ensino de análise funcional de comportamentos de esquiva através dos acrônimos– TRAP e TRAC
    • A aceitação de sentimentos de disforia segundo o contexto da ativação
    • Protocolo de Ativação Comportamental de Abreu e Abreu (2015; 2017): Integrando a Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) e a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)
    • Avaliação e intervenção em contextos de controle aversivo –punição (coerção social)
    • Avaliação e intervenção em contextos de controle aversivo –apresentação de estimulação aversiva não contingente (modelo do desamparo apendido)
    • Avaliação e intervenção em contextos de controle aversivo –extinção operante (perdas e lutos)
    • Lidando com o comportamento suicida e a tentativa de suicídio em pacientes com depressão de moderada à severa
    • Intervenção em casos de depressão em comorbidade com a insônia
    • Planejando o trabalho interdisciplinar junto ao médico – Algumas contribuições da psicofarmacologia comportamental na criação de estratégias de modulação de estímulos reforçadores e aversivos
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Escrito por Esequias Caetano de Almeida Neto

Terapeuta Comportamental, com especialização em Clínica Comportamental pelo Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento (Campinas, SP), com Treinamento Intensivo em Terapia Comportamental Dialética pelo Behavioral Tech | A Linehan Institute Training Company (Seattle, Washington/ EUA) e Formação em Terapia de Aceitação E Compromisso e Terapia Analítica Funcional pelo Instituto Continuum (Londrina, PR). É sócio da Ello: Núcleo de Psicologia e Ciências do Comportamento, onde atende a adultos individualmente, em terapia de casais e terapia de família, além de prover Supervisão Clínica e Treinamento para Terapeutas Comportamentais. É fundador e diretor geral do Portal Comporte-se: Psicologia e Análise do Comportamento (www.comportese.com), onde também coordena a equipe de colunistas de Terapia Comportamental Dialética. Coorganizou os livros Terapia Analítico Comportamental: dos pressupostos teóricos às possibilidades de aplicação (Ed. Esetec, 2012) e Depressão: Psicopatologia e Terapia Analítico Comportamental (Ed. Juruá, 2015). Atua como consultor de Comportamento e Cultura para a Rádio Clube (AM 770) de Patos de Minas e escreve sobre Psicologia e Saúde Mental para o jornal Clube Notícia (https://www.clubenoticia.com.br). É sócio afiliado da Associação Brasileira de Análise do Comportamento (ACBr) e, entre os anos de 2015 e 2017, foi membro da Comissão de Comunicação da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC).

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