Meta-análises de ACT e os casos desonestidade científica

Meta-análises de ACT e os casos desonestidade científica

A ACT (Terapia de Aceitação e Compromisso é um grande navio (e a Ciência Comportamental Contextual é ainda maior) e enquanto navegamos pelos ​​200 ensaios randomizados publicados, estamos entrando em uma era em que haverá muitos repensamentos, ajustes, ampliações, mudanças, ramificações e questionamentos. Além de, meta-análises de ACT e os casos desonestidade científica. A  ACT hoje, já não é ACT de 1982. A Terapia de Aceitação e Compromisso (dito em inglês, ACT) é uma das terapias mais representativas da chamada Terceira Onda das Terapias Comportamentais (ver Hayes, 2006 para saber mais sobre as três ondas; e ver Vandenberghe, 2011, para saber sobre o contexto no qual se desenvolveram as terapias comportamentais no Brasil).

As terapias de terceira onda caracterizam-se por serem particularmente sensíveis ao contexto e às funções dos fenômenos psicológicos e não apenas a sua forma ou conteúdo. Os tratamentos tendem a buscar a construção de um repertório amplo, flexível e eficaz. No entanto, ACT não é uma panacéia. O modelo imediatamente subjacente à ela, a flexibilidade psicológica, é de certa forma mais forte que a próprio ACT, mas também não é perfeito. Desde o início, sempre houve abertura a críticos da ACT  para ajudar a ver o que está errado. Lars Goran-Ost foi convidado (e pago) para fazer isso repetidamente. Stefan Hofmann foi convidado. Michelle Craske. E a lista continua. Mas para que as críticas sejam úteis, é necessário ser pensativo, completo, preciso e imparcial. As tradições científicas precisam de críticas assim.

As meta-análises da literatura acerca da ACT tem variado, mas 90% do tempo elas tem sido condizentes com o que se espera em termos de cuidado e precisão. Ainda que ocasionalmente apareçam equívocos…e isso é esperado. Mas, em seguida, há meta-análises que estão desligadas. Eles usam critérios que são idiossincráticos e não são aplicados de forma justa. Os dados não são coletados cuidadosamente. A opinião pessoal se esconde sob o guarda-chuva dos dados.

Panorama

Em 2008, se enfrentou uma meta-análise como essa e o colega da CBS Brandon Gaudiano assumiu a tarefa difícil e indesejável de tarefa de desmantelar isso mostrando que os dados eram imprecisos e a lógica da crítica era falha. Já em 2014, outra meta-análise da mesma pessoa parecia novamente pressupor equívocos. Com conclusões que não se encaixam com outras meta-análises feitas anteriormente e corajosamente declarou que a ACT “ainda não está bem estabelecida para qualquer tratar qualquer desordem”.

Após este ocorrido, as bolsas foram recusadas pelos revisores, citando esta meta-análise. As agências diminuíram os treinamentos; e os programas não foram adotados. Não é um exagero dizer que milhares de pessoas em todo o mundo não receberam ACT nos últimos 2-3 anos como resultado. Se a análise for justa, então que seja! Independente do resultado. A ciência não é como uma mãe e nós como cientistas devemos ser humildes diante dela como uma maneira de saber.

Mas se a análise não é possivelmente justa, algo muito mais difícil está na sua frente.  Você enfrenta uma tarefa que não é bem-vinda, que é assustadora e desagradável. Você precisa passar por detalhes e detalhes, página por página. Você precisa exigir dados e (muito pior do que isso) lidar com a recusa do fornecimento. Se você se importa com a ciência esse cuidado é necessário. Uma vez que a ciência trata de recuperá-los da melhor maneira possível.

Meta-análises de ACT e os casos desonestidade científica

Buscando evitar a propagação desses casos infortunos de desonestidade científica, alguns autores como Paul W.B.AtkinsaJosephCiarrochiaBrandon A.GaudianobJonathan B.BrickercJamesDonaldaGracielaRovnerdefMatthewSmoutgFredrikLivheimdTobiasLundgrendSteven C.Hayesh  publicaram o artigo intitulado: ”Partindo das características essenciais de uma revisão sistemática de alta qualidade da psicoterapia: uma resposta a Öst (2014) e recomendações de melhoria”. O intuito é que se reverbere através do mundo das terapias baseadas em evidências.

Para conferir o artigo na íntegra clique aqui. Se você clicar neste link você receberá uma cópia gratuita do resultado de 2 anos e meio de trabalho por mais de uma dúzia
pessoas. Até o final de outubro, este link dará a você uma cópia gratuita de um artigo.

(CONSIDERAÇÕES DE Steven C. Hayes.)

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Escrito por Gabriel de Melo Cardoso

Graduando em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Possui formação em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CETCC - Centro de Estudos de Terapia Cognitivo Comportamental de São Paulo. Atualmente, Diretor de Consultoria na Persona e bolsista de iniciação científica no projeto: Avaliação de fatores de risco ao estresse ambiental/ocupacional em expedicionários do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e membro do projeto de Ensino Online de Análise do Comportamento Humano ambos no Laboratório Fator Humano. Entusiasta dos temas: neurociência, gamification, autismo, linguagem, memória e tecnologia.

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