Você já ouviu falar de League of Legends, DOTA2 ou Crossfire? Atualmente, junto a mais algumas outras modalidades de games, essas são novas áreas esportivas e tomam cada vez mais seu espaço entre os esportes e entretenimento. A maior parte destes jogos estão inseridos no que é chamado de MOBA – Multiplayer Online Battle Arena.
Os “clubes” que fazem parte deste meio são chamados de organizações, dentro dessas organizações inserem-se as várias modalidades de jogos online multijogador.
Atualmente o carro chefe dos MOBA é o LOL – League Of Legends, da empresa RIOT. O jogo consiste em 5 jogadores em cada time competindo no campo de batalha que se divide em Lanes – três caminhos principais dentro de um mapa. Os objetivos intermediários se dividem entre “farmar” – cada jogador adquirir habilidades e dinheiro para compra de mais itens ao longo do jogo, e destruir torres inimigas. Após o objetivo de destruição das torres inimigas o seguinte passo é destruir o “nexus” do time adversário. Cada jogador tem sua posição e geralmente escolhem Champions (personagens) mais adequados à sua posição; normalmente os times tem uma Meta game definida em um jogador para cada posição; Top Lane, Mid Lane, Jungle, Ad Carry e Suporte. Cada jogador tem funções especificas e é responsável por parte do mapa.
Todos os jogadores iniciam a partida com itens e habilidades básicas, que são incrementadas ao longo do jogo, obtidas com o abate de minions – uma espécie de soldados do time adversário e os dragões, personagens que fazem parte do mapa que se abatidos dão ouro e habilidades.
Indo no sentido oposto da opinião as vezes negativa sobre a Psicologia do Esporte, de algumas modalidades esportivas já bem estabelecidas, a Psicologia do Esporte nos E – Sports tem sido vista desde 2012, em equipes da Europa. Grandes times do cenário mundial contam com equipe completa: Treinador, Analistas, Psicólogo do esporte, entre outros. Seguindo a receita que tem dado certo lá fora e entendendo que a saúde dos jogadores também estão em jogo – além do objetivo de melhores resultados, óbvio, equipes nacionais também estão buscando profissionais na área.
Porém, com base na experiência de quem vos escreve, managers e equipes sabem bem o que buscam de um psicólogo do esporte. A busca por profissionalização e mostrar seriedade é algo comum a todas as equipes, e pelo que pude observar, é algo levado muito a sério. Talvez, não seja preciso retomar aspectos discutidos em outros artigos desta coluna (leia mais aqui –Inserir link), acerca do quanto é necessário saber explicar o que faz e como o faz para o público leigo, fator esse que foi fundamental para minha contratação por uma das maiores organizações do Brasil, a Keyd Stars. Organizações como CNB, INTZ e Pain Gaming também contam com Psicólogos do Esporte atuando junto a jogadores e equipe técnica. Na Pain Gaming, por exemplo, temos o colega, analista do comportamento, Eduardo Cillo e seu sócio José Anibal e
Os campeonatos de League of Legends lotam espaços destinados às competições em todo Brasil. A final do CBLOL de 2015 reuniu 12 mil fãs e expectadores na Arena Allianz em SP. As transmissões contam com comentaristas e alguns canais de tv já reservam seu espaço de notícias à modalidade. E, com o aumento de público, jogadores, investimento e mídia, algumas características dos esportes tradicionais estão presentes nos E-Sports. Jogadores e equipes passaram a sentir a necessidade de suporte para lidar com pressão, stress, ansiedade e outros pontos comuns a grandes competições.
Diferente da maioria dos esportes tradicionais, grande parte dos comportamentos que o Psicólogo do Esporte tem que lidar são comportamentos encobertos ou tão difíceis à observação a olho nu, que podemos chamá-los de semi-encobertos – Mind Games.
A filosofia que norteia a Análise do Comportamento, o Behaviorismo Radical de Skinner, é radical pois nega radicalmente a adoção do dualismo – mente X corpo, para as explicações do comportamentos e, também, não atribui a eventos internos qualidades especiais. Entende que o “pensar”, ou os ditos processos internos, também são comportamentos e a única diferença entre o acesso ao comportamento manifesto, aquele que pode ser observado sem grandes engenhosidades, e o comportamento encoberto, é a forma como o acessamos. E ainda, para Skinner, tais comportamentos precisam ser explicados e descritos do mesmo modo que comportamentos manifestos. Então este é primeiro desafio para o analista do comportamento, já que, explicar e descrever comportamentos encobertos são desafios pela própria característica do acesso a estes comportamentos, identificando condições às quais ocorrem e não atribuindo a eles o status de Causa do comportamento.
Uma das formas de se compreender tais comportamentos é observando comportamentos manifestos que ocorrem logo após eventos encobertos, podendo ser este um dos pontos de partida para o psicólogo do esporte compreender quais variáveis e topografias de comportamentos encobertos pode estar ocorrendo em determinado momento. Aliado a isso temos o comportamento verbal como forma de acessar processos internos – através do relato, por exemplo, e aparatos que oferecem medidas de partes deste comportamento, EX: Biofeedback.
Já, um segundo ponto importante são os efeitos dos comportamentos encobertos no desempenho do repertório básico de jogo. Um fator principal do LOL é a precisão do controle de mouse e teclado durante as partidas, nas quais mesmo movimentos mínimos de mouse podem definir quem é derrotado durante uma Gank – ataque ao time ou jogador adversário.
De modo geral variáveis comportamentais estão lá (claro!), o que cabe ao psicólogo do esporte é compreender as especificidades desta “cultura”. Desde seu modo macro – forma de organização e funcionamento institucional, mercado de jogadores, até a parte micro disto tudo: comportamentos dos jogadores, seja individual ou coletivo, habilidades e repertório necessários para o bom desempenho nos jogos e as variáveis que exercem influência sob o desempenhar deste repertório.
Para quem se interessa pelo assunto em Janeiro haverá um curso no Paradigma, em SP, sobre Psicologia do Esporte e E-sports, ministrado por Eduardo Cillo e José Anibal (http://paradigma.nemag.com.br/Cursos/MaisInformacoes/1042)