Em tempos de volta as aulas, gostaria de fazer uma reflexão sobre uma prática comum em nossas escolas: a avaliação escolar. Será que ela realmente nos diz algo sobre o aluno? Ou nos fala mais sobre a escola, seus métodos e professores? É o que discutiremos ao longo deste artigo.
A escola é um lugar de descoberta e aprendizagem, onde teoricamente o sujeito pode desenvolver suas habilidades cognitivas e sociais, proporcionando ali um espaço de aprendizagem amplo. Porém na sociedade capitalista em que vivemos a escola se constitui um local de preparo para o ingresso do jovem ao mercado de trabalho.
Para tanto na política escolar faz-se necessário avaliar o aluno, para definir se este está apto ou não para a próxima etapa de aprendizagem e consequentemente mais apto ao mercado de trabalho.
Hoje a maioria das escolas utiliza como forma de avaliação os testes e provas. Mas será possível avaliar o conhecimento apreendido pelo aluno e sua capacidade de usá-lo na sua vida cotidiana através de uma prova ou teste?
Muitos alunos, só de ouvir a palavra prova são inundados de sensações de medo e terror, sensações físicas refletem seu descontrole emocional, como sudoreses, desconfortos abdominais, entre outros. Dentro deste contexto é possível avaliar de maneira eficaz um aluno? Não sou contra a avaliação, mas acredito que o professor tem total capacidade através de seus conhecimentos técnicos de avaliar o aluno no contexto da sala de aula, através de trabalhos, de saídas pedagógicas, brincadeiras e outros mecanismos, acho desnecessário submeter um aluno a um nível de estresse tão grande. Isso se confirma dentro na Análise do Comportamento onde a avaliação perde o caráter de poder, e o professor passa a avaliar o aluno como um todo.
Podemos comprovar a ineficácia das provas como método avaliativo, observando que muitos alunos decoram o assunto e outros que burlam o sistema produzindo e utilizando as famosas “pescas”.
Acredito que levando o aluno à reflexão de quanto o seu aprendizado será importante para sua vida e como ele poderá usá-lo seria eficaz para o combate ao “decoreba” e a “pesca”, formando assim, bons profissionais, não só tecnicamente como em sua ética, deste modo haveria o desuso da habitual e arcaica forma de avaliação do aluno, constituindo-se assim uma nova forma de avaliação, levando-se em consideração a individualidade de cada sujeito e suas potencialidades, o aluno seria avaliado em todo seu contexto acadêmico e não só em algumas horas de prova. Segundo Hubner (s.a) para Skinner a escola é muito verbal, só medem a escrita e a fala, e existem inúmeras formas de mensurar o conhecimento.
Ainda segundo Hubner (s.a) Fred Keller e Skinner afirmam que o aluno deve ser visto como um ser em constante construção de sua aprendizagem e cada um possui um ritmo diferente do outro e propõem um ensino individualizado, sendo a avaliação parte de um processo, onde se verifica do modo menos aversivo se aquilo que achamos que ensinamos, o aluno aprendeu. Segundo Zanotto et.al (2000), a avaliação faz parte do processo natural do aprender, e serve também para que o professor avalie a sua forma de ensino, refazendo-o quando necessário.
Na concepção Behaviorista a avaliação perde seu aspecto punitivo, pois a punição elicia respostas emocionais, como medo, culpa, ansiedade, que são extremamente prejudiciais ao homem e conflitantes com o aprender.
A escola então deveria ser um lugar com uma estrutura capaz de proporcionar a avaliação individualizada.
Para Skinner as escolas do futuro, serão diferentes das de hoje, nelas as pessoas terão prazer em frequentá-la, como a lugares bonitos que visitamos.
Espero sinceramente que um dia cheguemos a este status de escola onde se vai somente pelo prazer de adquirir novos conhecimentos. Tomara!
Fernanda Bomfim. Mestranda em Análise e Evolução do Comportamento
REFERÊNCIAS
HÜBNER, Maria Martha Costa. O Skinner que poucos conhecem: contribuições do autor para um mundo melhor, com ênfase na relação professor–aluno.
Momento do Professor: revista de educação continuada, São Paulo, ano 2, n. 4, p. 44-49, primavera 2005. Acesso em 16/09/10.
ZANOTTO, M.L.B, MAROZ, M e GLÓRIA, P,S. Behaviorismo Radical e Educação. In: Revista da Associação dos Pós-Graduandos PUC-SP. São Paulo, ano IX, n°23, 2000.