Texto original de Jonathan Alpert. Jonathan é terapeuta e autor do livro “Seja destemido: Mude sua vida em 28 dias”. Acesse o texto original neste link.
“Meu terapeuta me chamou pelo nome errado.”
“Eu chorei pelo coração; meu doutor olhou para seu relógio.”
“Meu psiquiatra me disse que eu deveria continuar com ele ou eu estaria perdido.”
Novos pacientes me dizem este tipo de coisa a todo tempo. E me dizem como terapeutas anteriores se sentavam, ouviam, acenavam e ofereciam pouco ou nenhum conselho, por semanas, meses, algumas vezes anualmente. Um paciente recentemente me disse que, após ver sua terapeuta depois de muitos anos perguntou se ela teria algum conselho para ela. A terapeuta disse, “Te vejo semana que vem”.
Quando eu comecei a trabalhar como terapeuta, há quinze anos, eu pensei que reclamações como estas fossem raras. Mas eu cheguei a uma conclusão decepcionante ao longo dos anos: terapia ineficaz é perturbadoramente comum.
Se você conversar com amigos, ouvir a conversas em um café, ou ler discussões online sobre o tempo de duração de terapia, eu aposto com você que você irá ver gente que continua em terapia por muito mais tempo do que o tempo que achou que teria de ficar para resolver seus problemas. De acordo com um estudo realizado em 2010 no American Journal of Psychiatry, 42% das pessoas em psicoterapia vão de 3 a 10 visitas para tratamento, enquanto 1 em 9 vão a mais de 20 sessões.
Para estes 11%, terapia pode tornar-se um beco sem saída. Pesquisas mostram que, em muitos casos, quanto mais à terapia dura, menos provável é sua eficácia. Ainda assim, terapeutas frequentemente hesitam em admitir a derrota.
Um estudo de 2001 publicou no Journal of Counseling Psychology que clientes melhoram dramaticamente entre a sétima e a décima sessão. Outro estudo, publicado em 2006 no Journal of Consulting and Clinical Psychology verificou quase 2 mil pessoas que foram submetidas a aconselhamento entre 1 a 12 sessões e, descobriram que enquanto 88% das pessoas melhoraram depois de apenas uma sessão, a taxa caiu para 62% após 12 sessões. Ainda de acordo com a conduta da pesquisa na Universidade da Pensilvânia, terapeutas que praticam um tipo mais tradicional de terapia, tratam clientes por pelo menos 22 sessões até concluíram que não está tendo nenhum progresso. Apenas 12% destes terapeutas admitem que não estão avançando e referenciam estes clientes para outro terapeuta. A conclusão é: Mesmo que terapia de longa duração não seja sempre benéfica, muitos terapeutas persistem em seguirem com seus clientes a uma terapia aberta e potencialmente interminável.
Defensores da Terapia de longa duração argumentam que existem diversas desordens psicológicas que requerem esta quantidade de tempo para serem tratadas. Isto pode ser verdade, mas é também verdade que muitos clientes de terapia não sofrem destas desordens. Ansiedade e depressão estão no topo dos motivos para os quais clientes são indicados para tratamento; esquizofrênicos estão no fim desta lista.
Na minha experiência, a maioria das pessoas buscam terapia por causa de problemas simples e facilmente tratados: eles estão em trabalhos ou relacionamentos insatisfatórios, não conseguem atingir seus objetivos, têm medo de mudanças e ficam depressivos com os resultados. Não se leva anos de terapia para chegar ao fundo deste tipo de problema. Para alguns dos meus clientes, não chega a levar nem uma sessão inteira.
Terapia pode – e deveria – focar em objetivos e resultados, e as pessoas deveriam ser aptas a sair dela. No meu consultório, as pessoas que gastam anos em terapia antes de vir até mim foram capazes de enfrentar seus medos, diminuir suas ansiedades e alcançar seus objetivos rapidamente – frequentemente em semanas.
Por quê? Eu acredito que é uma questão de abordagem. Muitos clientes precisam de um terapeuta agressivo que estimule o que eles acham que é desconfortável: mudança. Eles precisam da opinião de um terapeuta, conselho e planos estruturados. Eles não precisam falar interminavelmente sobre como eles se sentem e suas lembranças da infância. Um estudo (inglês) recentemente feito pelo National Institute for Health and Welfare na Finlândia descobriu que “terapeutas ativos, cativantes e extrovertidos” ajudaram seus clientes mais rapidamente que os “terapeutas cautelosos e não intrusivos”.
Este tipo de abordagem talvez não seja a certa para vários tipos de clientes, mas o resultado descrito por este estudo Finlandês vai de encontro com a minha experiência.
Se um cliente me diz que está infeliz em seu relacionamento com seu namorado no último ano, eu não pergunto, assim como alguns fazem, “como você se sente sobre isto?”, eu já sei como ela se sente. Ela acabou de me dizer. Ela está infeliz. Quando ela me pergunta o que ela deve fazer, eu não respondo com um interrogatório, “O que você acha que você deveria fazer?”, se ela soubesse, ela não iria perguntar pelo o que eu acho.
No lugar, eu pergunto o que será que está faltando no seu relacionamento e esboço possíveis formas de preencher essas lacunas ou, talvez, a terminar o relacionamento de uma forma saudável. Melhor que ficar brigando com as histórias da sua infância, eu encorajo meus clientes e encontrarem a coragem de confrontar o adversário, assumir riscos e abraçar modificações. Eu busco passar as habilidades para confrontar seus medos de mudar, no lugar de acenar minha cabeça e perguntar como eles se sentem.
Na graduação, meus colegas e eu fomos ensinados a servirmos como guias, aqueles que ajudam os clientes a chegarem a suas próprias conclusões. Isto pode funcionar, mas pode levar muito tempo. Eu não conheço clientes que querem ficar anos para se sentirem melhor. Eles querem se sentir melhor em semanas ou meses.
Alguns equívocos populares reforçam a crença de que terapia é deitar em um sofá e falar sobre seus próprios problemas. Então é isto que clientes comumente fazem. E é isto que leva a codependência. O terapeuta, claro, depende do cliente por causa do dinheiro, e o cliente depende do terapeuta para apoio emocional. E, para muitos clientes de terapia, é satisfatório ter alguém para ouvir sobre seus problemas, então eles saem da sessão se sentindo melhor.
Mas existe uma diferença entre se sentir melhor e mudar a sua vida. Sentir-se aceito e validado pelo seu terapeuta não te tira dos seus problemas e não te aproxima das suas metas. Ao contrário, isto talvez o encoraje a ficar atolado neste problema. Sessões de terapia podem funcionar como um SPA: eles podem ser relaxantes, mas não resolvem seus problemas. Mais que um oásis de doçura e aconchego de validação e aceitação, a maioria dos clientes querem estratégias inteligentes para conseguir chegar a seus objetivos de vida.
Eu não sou contra a terapia. Afinal, eu a pratico. Mas pergunte a si: se o seu cabeleireiro continuar fazendo péssimos cortes em você, você continuaria indo? Se um restaurante te servir uma comida horrível, você voltará nele? Não, tenho certeza que você não voltaria, da mesma forma, você não deveria manter-se em uma terapia que não está lhe auxiliando.