O que é a Análise Aplicada do Comportamento ?
A Análise Aplicada do Comportamento ou simplesmente AAC como defendido por Tourinho (1999) é uma subárea da Análise do Comportamento que é interligada a outras duas que seriam a Análise Experimental do Comportamento ou simplesmente AEC (uma ciência básica) e o Behaviorismo Radical (a filosofia da ciência que a embasa).
Ainda na definição de Tourinho (1999), a Análise Aplicada do Comportamento é a ciência aplicada e tecnológica que por sua vez seria o braço responsável por administrar conhecimentos produzidos pela Análise Experimental do Comportamento e produzir intervenções de relevância social. Para Tourinho (1999) tanto a Análise Experimental, Behaviorismo Radical e a Análise Aplicada não podem existir autônomas, por mais que seus representantes em determinadas vezes não consigam ver seus pontos de intersecção.
A Análise Aplicada do Comportamento, então seria o campo de ação com métodos planejados de intervenção dos analistas do comportamento. Com essa definição podemos localizar a AAC como a responsável pela aplicação dos conhecimentos nas áreas da psicologia tradicionais como a clinica psicológica, escolas, presídios, saúde publica ou organizações.
Segundo Carvalho Neto (2002) a Análise Aplicada do comportamento teria pelo menos duas funções vitais: (1) manter o contato com o mundo real e alimentar os pesquisadores na área com problemas comportamentais do mundo natural e (2) mostrar a relevância social de tais pesquisas e justificar sua manutenção e ampliação da área como um todo.
A batalha de Skinner contra o Mentalismo, em grande parte das vezes, tomou esse formato e um dos critérios que o autor defendia para avaliar a veracidade maior das asserções feitas pelos analistas do comportamento sobre os fenômenos comportamentais, estaria em sua capacidade de gerar uma efetiva tecnologia comportamental e com isso criar condições para se compreender e predizer o comportamento. (Carvalho Neto, 2001)
De modo geral a palavra “aplicada” vem gerando debates sobre qual é o significado dela quando utilizada por analistas do comportamento e na verdade quais são as praticas em que os analistas aplicados devem ou não se envolver (OLIVEIRA, 2003, pp. 349).
Ainda segundo OLIVEIRA (2003) existe diferenciações para o uso do “aplicada” e os debates se focam em torno de três tópicos, que foram organizados em a) aplicação enquanto prestação de serviço que leva a discussão para a prestação de serviço X pesquisa, assemelhando-se à forma como o termo “aplicado” é utilizado na linguagem cotidiana, b) aplicação enquanto uma forma de pesquisa que revela uma revisão do conceito de aplicação na linguagem cotidiana e sua extensão para atividades científicas, direcionando a discussão para o continuum pesquisa básica x pesquisa aplicada e c) aplicação enquanto atividade simultânea de pesquisa e prestação de serviço que sinaliza o caráter complementar destas atividades
O uso das tecnologias comportamentais apoiadas epistemologicamente no Behaviorismo Radical e produzidas pela Análise Experimental quando combinadas a produção de equipamentos de informática, levam a um material especifico que vai ser utilizado pelos analistas aplicados do comportamento em forma de serviços para a sociedade.
As leis e conceitos que regem os comportamentos humanos delimitados pelos analistas básicos geram subsídios para a aplicação de tais leis em âmbito social criando, portanto uma demanda publica para tais praticas. Obviamente existe uma correlação intensa e necessária entre a ciência básica (AEC) e a ciência aplicada (AAC).
A complementaridade entre a Análise Experimental do Comportamento e a Análise Comportamental aplicada é também defendida por Ferster (1979).
Segundo este autor, ambas podem estar preocupadas com os mesmos itens de conduta com objetivos diferentes. O profissional é obrigado a se engajar em qualquer problema que o cliente trouxer. Sua tarefa principal é melhorar a angústia.
Os profissionais se envolvem totalmente e geralmente não podem ser responsáveis por provar o que foi realizado. Por outro lado, psicólogos experimentais escolhem seu próprio chão, sendo solicitados apenas a olhar objetivamente e com clareza conceitual e a comunicar nos termos da ciência natural. (p. 23)
Referências :
Carvalho Neto, M. B. – Análise do comportamento: behaviorismo radical, análise experimental do comportamento e análise aplicada do comportamento (2002)
Carvalho Neto, M. B. (2001). B. F. Skinner e as explicações mentalistas para o comportamento: uma análise histórica conceitual (1931-1959). Tese de Doutorado, não Publicada, Instituto de Psicologia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental. Universidade de São Paulo. São Paulo: SP.