O Behaviorismo Radical é Ambientalista ?

Ola pessoal.

Sou o novo colunista do site Comporte-se. Meu nome é Marcelo Souza e fiz esse pequeno tratado para tentar ajudar a dissolver um dos maiores equívocos que propagam sobre a Analise do Comportamento. O Behaviorismo é chamado por muitos, como uma escola de pensamento que prega o Ambientalismo, mas será mesmo que isso é verdade ? Confira no texto abaixo.

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Sempre ouvimos falar que o Behaviorismo é uma escola de pensamento que foca no ambiente e que com isso desenvolveu todo um raciocínio que perdura até hoje. Mas será mesmo que isso é verdade?
A resposta parece ser simples, mas na verdade vai surpreender muita gente.
A questão é: “O Behaviorismo é ambientalista?” 
A resposta é NÃO, ele não é. 
Surpresos?
O Behaviorismo radical não é e nunca foi ambientalista. Pois quando Skinner desenvolveu o paradigma do comportamento operante ( R – Sr+ ), deixou claro que o comportamento não é uma simples questão de estimulo resposta ( S – R ) e muito menos o produto de um homúnculo interno que comanda todas as nossas ações. Para Skinner, a confusão ocorria por que os teóricos da época estavam confundindo PRODUTO com PROCESSO. 
Skinner então mostrou que o Behaviorismo não é ambientalista e sim RELACIONISTA. Não existe ambiente vazio assim como não existe organismo sozinho. O comportamento então é uma relação entre um organismo e seu ambiente, e essa relação se dá de forma operante, já que as respostas vão ser controladas pelas suas conseqüências. É relacionista e não ambientalista ou realista, por que não existe uma coisa que se sobrepõe a outra, o ambiente não é o principal como nos diz Watson, e nem é produto de forças inconscientes como nos diz Freud, mas sim uma relação entre o ambiente e o organismo, e ai Skinner genialmente propõe os níveis de seleção do comportamento, FILOGENETICO, ONTOGENETICO E CULTURAL.
Vamos a um exemplo: Temos um rato na caixa de Skinner e ele bateu na barra para beber água. Para os mentalistas o rato bateu na barra, pois estava com vontade de beber água, para os ambientalistas, o rato bateu na barra, por que a barra estava presente. Para o Behaviorista Skinneriano, o rato bateu na barra, pois existiu em sua história um processo de condicionamento e que as respostas de bater na barra e ganhar água foram reforçadas positivamente.
Skinner encerra a questão dizendo: “Desde que [o comportamento] é um processo e não uma coisa, não pode ser facilmente imobilizado para observação. Ele é mutável, fluido e evanescente” (Skinner, 1953, p. 15).
Comportamento é, portanto, relação organismo-ambiente, que pode ser entendida do ponto de vista de sua dinâmica como uma coordenação sensório-motora, e do ponto de vista da Análise do Comportamento como uma relação de interdependência entre eventos ambientais, eventos comportamentais, estados comportamentais e processos comportamentais. (LOPES, C. E. 2008).
Se o comportamento é uma relação de interdependência entre eventos, o Behaviorismo Skinneriano é relacionista e não mais ambientalista como Watson propõe e muito menos mentalista como propõe Freud.
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Escrito por Marcelo Souza

Psicólogo especialista em Análise do Comportamento pela Universidade de São Paulo / HU-USP. Pesquisador do Centro para o Autismo e Inclusão Social da Universidade de São Paulo IP-USP. Psicólogo estagiário do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu (nivel mestrado) do Instituto de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo / IP-USP. Monitor da Prof. Dra. Martha Hubner no curso de especialização em Terapia Comportamental da Universidade de São Paulo / HU-USP. Psicólogo do Programa de Orientação ao Aluno da Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP. Professor convidado do curso de Fundamentos da Terapia Comportamental Clinica do InPA-EAD, ministrando as disciplinas " Análise Funcional do comportamento e Conceitos Básicos da Análise do Comportamento".

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