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Entrevista com H. J. Guilhardi – por Banaco, Téia, Andery e Delitti.
Procurando na internet por uma entrevista recente concedida pelo Roberto Banaco à TV, me deparo com uma entrevista realizada por ele, Tereza Maria de Azevedo Pires Sério, Maria Amália Andery, Maly Delitti com Hélio José Guilhardi, diretor do Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento. Uma parte da entrevista que me chamou a atenção foi quando Guilhardi comentou a respeito da união entre Terapia Cognitiva e Análise do Comportamento, em resposta a uma pergunta do Banaco. Veja abaixo:
Roberto – Existe uma análise de que o behaviorismo estaria perdendo espaço para uma associação entre behaviorismo e cognitivismo. Isso está acontecendo? Que diferenças você vê entre behaviorismo e cognitivismo?
Guilhardi – Partindo de um pressuposto de cooperação, vamos viver e deixar os outros viverem. A terapia comportamental cognitiva tem o direito de se propor, de fazer o seu trabalho e o faz com seriedade. Porém, do meu ponto de vista, o behaviorismo radical e a terapia comportamental cognitiva são irreconciliáveis, porque partem de pressupostos completamentes diferentes. O cognitivismo é mentalista e o behaviorismo radical não. O que aproxima um do outro é a palavra comportamental, mas é muito pouco, porque se nós fôssemos discutir com um terapeuta comportamental cognitivo iríamos verificar que inclusive a definição de comportamento não vai coincidir. O cognitivismo é uma forma de mentalismo, de mecanicismo e atribui ao mental uma força causadora, iniciadora de outros comportamentos que não coincide com a maneira como o behaviorismo radical conceitua e trabalha o comportamento. O caminho não está numa síntese das duas propostas. Uma não enriquece a outra. Ambas merecem respeito, tendo pessoas sérias trabalhando e pesquisando, mas eu acho que o ecletismo que as coloca juntas é pernicioso. Cada qual tem uma maneira muito própria e diferente de ver o seu objeto de estudo. O behaviorismo radical tem crescido enquanto divulgação das suas possibilidades e do seu conteúdo e, embora seja uma matéria difícil e cercada de muito preconceito, depende do nosso trabalho mostrar o seu potencial. O behaviorismo é muito frequentemente acusado de ser pouco humano. O que nós queremos na verdade não é o desenvolvimento de comportamentos; queremos, ao desenvolver comportamento, que as pessoas cresçam, se tornem mais felizes, mais integradas. Agora, as pessoas não são uma abstração: são organismos, são comportamentos públicos e encobertos, são sentimentos, cada qual merecendo um nível de análise, de estudo e de intervenção. O behaviorismo vê a pessoa como um todo, incluindo seu mundo interno – comportamentos e sentimentos – e aquilo que ela expressa publicamente. Uma pessoa que trabalha com o behaviorismo, conforme nós o entendemos, não evita, pelo contrário, promove a pessoa integral.