Os
neurônios são as unidades elementares do sistema nervoso. Cada célula neuronal é composta por um corpo celular (
cell body), um
axônio (
axon) e
dendritos (
dendrites). Os
dendritos são prolongamentos (ou acessórios), como fios de cabelo, nos quais estão arraigados receptores sensíveis a moléculas dispostas no meio
extracelular. O
axônio, um prolongamento caudal, conduz o tipo típico de sinal — um sinal elétrico — que trafega pelo sistema nervoso: os impulsos nervosos, também denominados potenciais de
ação.
Nosso encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) abriga cerca de 100
bilhões de
neurônios. Essas células comunicam-se entre si descontinuamente. O impulso nervoso, ao atingir os terminais
axonais, promove a liberação de moléculas — os neurotransmissores — na fenda sináptica, um
espaçamento entre os neurônios. Quando essas moléculas se ligam a um número suficiente de receptores pós-sinápticos — enraizados, p. ex., nos dendritos do neurônio vizinho –, um novo impulso nervoso é gerado. Veja abaixo uma animação de como seria esse diálogo neuronal.(1)
A velocidade média do impulso nervoso é de 10 metros por segundo, sendo que axônios mais espessos e/ou mielinizados (revestidos por mielina) transmitem sinais mais rapidamente. Similarmente à lógica do código Morse, a informação transmitida entre os neurônios está codificada na frequência, no padrão de impulsos nervosos.
Os impulsos nervosos percorrem extensas redes ou vias (p. ex., as vias sensitivas), várias das quais medeiam o diálogo entre o encéfalo e o resto do corpo. A título de exemplo, e como será mostrado no vídeo a seguir, neurônios da área motora primária, localizada no neocórtex, enviam sinais que modulam o comportamento do dedo indicador.
De neurônio em neurônio, como pessoas que conversam umas com as outras, mensagens são incessantemente transmitidas e, concomitantemente, pensamentos, sentimentos e condutas públicas são produzidos. Doenças psiquiátricas e neurológicas podem envolver distúrbios na neurotransmissão, e diversos fármacos atuam de forma a tentar restabelecer a comunicação neuronal normal (Gazzaniga e cols., 2006). De estudantes universitários a tubarões, camundongos e abelhas, os princípios da geração, condução e transmissão de impulsos nervosos são os mesmos. Disso desdobra a possibilidade — e a conveniência — de se estudar a circuitaria de animais não-humanos com a finalidade de compreendermos e intervirmos adequadamente sobre o nosso próprio maquinário neural.
Nota e bibliografias consultadas:
(1) Embora não esclarecido no texto, o vídeo mostra como o impulso nervoso é conduzido ao longo do axônio, a saber, através da despolarização da membrana axonal. Ademais, cabe salientar que os neurotransmissores — embora possa parecer no vídeo —
não entram na membrana pós-sináptica. Em vez disso, eles se ligam a receptores que, por seu turno, permitem a troca de íons entre o neurônio pós-sináptico e o meio extracelular (tornando o primeiro mais excitável). As moléculas que adentram a membrana neuronal na ilustração são, portanto e provavelmente, íons de cálcio e de sódio.
Bear, M. F. (2002). Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed.
Gazzaniga, M. S. (2006). Neurociência Cognitiva: a biologia da mente. Porto Alegre: Artmed.
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