A importância da estatística para o Psicólogo. Apresentando a estatística gráfica.

Em minha jornada profissional, tenho me deparado com muitos estudantes e até profissionais da psicologia que ignoram a presença da estatística como algo relevante em suas formações e vida profissional. Só entendem o verdadeiro valor da matemática quando já é tarde demais, e muitas oportunidades passaram ou pior, quando precisam urgentemente dela para tabular dados de uma pesquisa ou mesmo para colocar em gráficos uma freqüência de comportamentos X ou Y de seu cliente.
Para ler e se atualizar nas pesquisas mais avançadas da ciência psicológica então…

É muito comum ver vestibulandos dizerem coisas como “eu vou prestar psicologia por que não tem matemática…” alem de ser um absurdo prestar um vestibular que vai ser a futura profissão usando esse critério, ainda caímos em outro problema, à generalização de que a matemática ou a estatística não tem importância dentro da psicologia.

Nesse pequeno artigo, vamos falar um pouco sobre a importância da estatística para a psicologia e também apresentar a estatística gráfica e suas formas de aplicação.
Mas o que tudo isso tem a ver com a Psicologia enquanto ciência?
Quando falamos em ciência, necessariamente estaremos falando em pesquisas e todos os seus métodos inerentes. Se estamos falando em pesquisa, precisamos ter um problema de pesquisa. Geralmente uma pesquisa é baseada em um problema e toda a metodologia é criada e refinada para tentar responder esse problema. Algumas hipóteses são criadas e testadas, para que se tenha um resultado confiável, é necessário estabelecer relações entre as hipóteses e se elas se confirmam ou se descartam ( de acordo com o método proposto pelo pesquisador para provar ou refutar uma hipótese ).
Para testar uma hipótese ou prever acontecimentos decorridos de um evento ( suas conseqüências ) se usa a estatística. Ela pode ser descritiva, inferencial etc.
De uma forma sintética, pode dizer-se que a estatística é um conjunto de técnicas apropriadas para recolher, classificar, apresentar e interpretar conjuntos de dados numéricos.
O profissional faz medições de um evento alvo e precisa avaliar essa medição de forma imparcial e segura. A matemática propicia isso através da estatística.
Ainda não sabem o valor da estatística para a psicologia?
Que tal essas perguntas:
1. Digamos que um psicólogo quer pesquisar uma determinada técnica. Como é que ele vai saber se tal técnica foi ou não eficaz para seus clientes?
2. Se estivermos pesquisando a eficácia de uma abordagem psicológica, como é que vamos organizar e interpretar os dados?
3. Se estivermos desenvolvendo um novo teste psicométrico ou mesmo tentando validar um já existente. Como é que se organizam todas as respostas dos clientes apresentadas no teste e como vamos saber se medem aquilo que se propuseram a medir?
A resposta é simples caros estudantes e psicólogos formados: ESTATÍSTICA
É a partir dela que conseguimos agrupar dados, interpretar dados e aplicar leis da ciência e com isso gerar informação e com isso desenvolver técnicas que funcionam e isso gera o aprimoramento da psicologia.
A estatística gráfica
A estatística gráfica é um recurso muito usado nas pesquisas de qualquer área do conhecimento e ela se propõe a permitir uma visão rápida e global de um fenômeno estudado. É importante dizer que os gráficos devem ser construídos de forma que evidenciem aquilo que se quer demonstrar de forma clara e que o observador consiga entender facilmente aquilo que se está mostrando. Porem para se ler um gráfico, é preciso conhecer um pouquinho do que é a matemática e a estatística e saber como elas entendem e registram um fenômeno estudado.
Existem diversas formas de se fazer um gráfico e cada uma delas é usada para uma situação especifica.

1 – Gráficos especiais para distribuições de freqüências:
1.1 – Representação gráfica da distribuição de freqüência de uma variável discreta ( tipo A )
Exemplo: O numero de erros de português encontrado em um artigo de física.


2 – Histograma
É a representação gráfica através de retângulos adjacentes onde a base colocada no eixo das abscissas corresponde aos intervalos das classes, e a altura é dada pela freqüência absoluta das classes. Exemplo:

Notas dos alunos do 3 ano da escola X – 1970


3 – Polígonos de freqüência
É a representação gráfica de uma distribuição de freqüências por meio de um polígono, onde os pontos são obtidos por perpendiculares traçadas a partir do ponto médio das classes, e de altura proporcional à freqüência de cada uma das classes. No caso de freqüência acumulada, os segmentos perpendiculares são traçados a partir dos limites superiores da classe. Em ambos os casos, o primeiro e o ultimo pontos são colocados de modo a manter a proporcionalidade do gráfico.

4 – Curvas de Freqüência
É a representação gráfica de uma distribuição por meio de uma curva regular, que procura acompanhar o mesmo traçado e a mesma área subentendida pelo polígono.

5 – Gráficos lineares ou de curvas
São gráficos em duas dimensões baseados na representação cartesiana dos pontos do plano. Servem para representar séries cronológicas, sendo que o tempo é colocado no eixo das abscissas e os valores observados no eixo das ordenadas.

6 – Gráficos em colunas ou barras
São representados por retângulos de base comum e altura proporcional à magnitude dos dados. Quando dispostos em posição horizontal, são denominados barras e quando dispostos em posição vertical, são chamados de barras.
Embora possam representar qualquer série estatística, geralmente são empregados para representar as séries especificas.
De acordo com a forma como é feito, o gráfico em colunas ou barras pode ser subdividido em:
6.1 – Colunas justapostas (podem ser juntas ou separadas)

O gráfico em colunas justapostas é aquele em que os retângulos são dispostos um ao lado do outro.
6.2 Colunas contrapostas ou opostas.
Existem muitas outras formas de representar graficamente algum tipo de dado que está sendo trabalhado, existem ainda os gráficos em círculos, 3d, gráficos de setores, gráficos polares, gráficos pictóricos etc. e cada um deles, vai ser utilizado para um tipo especifico de dado.
Esse pequeno artigo, não se propõe a apresentar todos eles, mas sim, introduzir que a estatística é muito importante dentro da psicologia e mostrar que os traços que vemos nos gráficos não são bichos de sete cabeças. Mas é preciso conhecer o mínimo de estatística para conseguir compreende-los e tirar proveito da informação que eles estão passando.
Para quem deseja ser pesquisador, digo que a matemática é fundamental. Talvez a estatística seja tão importante para um psicólogo quanto uma formação sólida em teorias e sistemas psicoterápicos. Infelizmente, os alunos que a ignoram, só vão perceber a falta que faz quando é tarde demais, e para correr atrás do prejuízo, vão precisar ralar muito.
Portanto caros psicólogos e estudantes de psicologia, estudem estatística com o mesmo empenho que estudam psicoterapia, pois a matemática é a língua universal, e na psicologia não é diferente. Nos comunicamos através da ciência e de pesquisas através de dados, gráficos e formulas matemáticas.

Então agora vou repetir a pergunta :

Ainda não entendeu a importância da estatística para a psicologia?

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* Fontes utilizadas nos exemplos e definições:
Princípios de Estatística: 900 exercícios resolvidos e propostos do Gilberto de Andrade Martins e Denis Donaire – Ed. Atlas ( 4 edição )

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Escrito por Marcelo Souza

Psicólogo especialista em Análise do Comportamento pela Universidade de São Paulo / HU-USP. Pesquisador do Centro para o Autismo e Inclusão Social da Universidade de São Paulo IP-USP. Psicólogo estagiário do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu (nivel mestrado) do Instituto de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo / IP-USP. Monitor da Prof. Dra. Martha Hubner no curso de especialização em Terapia Comportamental da Universidade de São Paulo / HU-USP. Psicólogo do Programa de Orientação ao Aluno da Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP. Professor convidado do curso de Fundamentos da Terapia Comportamental Clinica do InPA-EAD, ministrando as disciplinas " Análise Funcional do comportamento e Conceitos Básicos da Análise do Comportamento".

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