Dicas para quem está começando
Salvo algumas exceções, a Análise do Comportamento não é muito prestigiada pelos cursos de Psicologia do nosso País. Sofremos com a ausência de professores, com a falta e sucateamento de laboratórios, com a falta de livros da área e por aí vai. Além de todas essas intempéries, ainda temos que aturar um turbilhão de críticas infundadas e preconceitos.
Se ainda assim você escolheu se tornar um Analista do Comportamento (ou está pendendo para isso) merece os meus parabéns! Este post é dedicado a você, que – como verá – não está sozinho no mundo.
No texto que em questão organizei algumas dicas feitas especialmente para acadêmicos (de Psicologia, ou não) que por alguns motivos estejam se sentindo atraídos pela episteme analítico-comportamental. Em função das novas regras editorias (textos de no máximo duas laudas), as dicas estarão divididas em duas postagens. Esse texto é um produto da minha – curtíssima – história dentro dessa abordagem, portanto peço uma forcinha aos mais vividos para incrementá-las utilizando nosso espaço para comentários.
1) Seu professor não responde por todos os Analistas do Comportamento.
Não é estranho que o seu interesse pela abordagem seja, principalmente, em função do carisma de um determinado professor. Isso não é ruim, mas merece algumas considerações. Os padrões comportamentais dos membros da nossa comunidade científica são tão diversos como o armário de sapatos da socialite Narcisa Tamborindeguy¹. Temos sujeitos que variam desde uma reprodução fidedigna do arquétipo que nos deram (cientistas sisudos, com parcas habilidades sociais, trancados em laboratórios cheios de bichinhos) até os mais expansivos. Portando não utilize o seu professor como parâmetro para se envolver – ou não – com qualquer abordagem.
2) Busque conhecimento!
Essa dica – emprestada do nosso E.T. midiático, Bilu² – permeará todas as outras. Temos na internet diversos bancos de dados que disponibilizam arquivos quentíssimos a todo o momento. Revire esses bancos de dados, garimpe os livros da sua biblioteca, vasculhe sebos³, pentelhe os seus professores (comedidamente), visite blogs regularmentre. Corra atrás… Comporte-se!
É possível encontrar algumas sugestões de bancos de dados e periódicos analítico-comportamentais na ala “docs” do nosso grupo no facebook4.
3) Participe de eventos.
A Análise do Comportamento possui aplicações em diversos contextos. Podemos dizer que onde há interação ente um organismo e um ambiente, há uma possibilidade de estudo/intervenção. Participar de eventos te possibilitará: conhecer a dimensão dos campos de atuação, conhecer as linhas de pesquisa que estão sendo desenvolvidas, ficar por dentro das novas publicações, conhecer o trabalho dos institutos que oferecem cursos na área (extensão, formação e pós-graduação), ficar por dentro dos eventos que teremos e – não menos importante – você terá a oportunidade de confraternizar com estudantes e professores da área. Enfim, é muito bom. Ah! Além de tudo isso, ajudará a dar um up! no seu Lattes5 (o cartão de visita dos acadêmicos).
Atualmente temos um grande evento anual da área no Brasil, o Congresso da ABPMC. Além desse, várias Jornadas de Análise do Comportamento e eventos vinculados aos institutos que oferecem pós-graduação na abordagem são realizados nos quatro cantos do nosso País6.
4) Participe das redes sociais
É possível interagir com estudantes e profissionais da área em diferentes ferramentas da internet. Seguem os principais meios de comunicação dos behecas brasileiros:
Grupo no Facebook: https://www.facebook.com/groups/analisedocomportamento/
Lista de emails no Yahoo!: http://br.groups.yahoo.com/group/COMPORT/
Lista de emails no Google: http://groups.google.com/group/GVEAC?hl=pt-BR
Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=61171
A partir desses grupos, é possível tirar dúvidas, travar debates, sugerir leituras, receber dicas de leituras, conseguir referências raríssimas e, quem saber, achar o amor da sua vida.
5) Flexibilize sua linguagem sem perder a coerência epistemológica.
Nossa comunidade científica possui uma linguagem hermética que se distancia do resto da Psicologia. Estudar Análise do Comportamento exige um processo de re-alfabetização. Quando nos dedicamos a ensinar ou discutir algum assunto com pessoas que não são da área, é importante aliviarmos um pouco nossa rigidez terminológica.
Ao contrário do que alguns imaginam, podemos falar de mente, sentimentos, intenção, liberdade, psicoses, neuroses, associação livre e o diabo à quatro sem medo de nos distanciarmos da expertise analítico-comportamental. Mas é preciso levar em consideração nossas peculiaridades epistemológicas, que contrastam com grande parte das abordagens psicológicas vigentes e do senso comum.
6) Leia sobre outros assuntos.
Existe muita coisa boa sendo produzida em outras áreas, não se prive de estudá-las. Além disso, transitar em diferentes assuntos provavelmente aumentará suas chances de ser socialmente reforçado.
Notas
2- Mais sobre o E.T. Bilu: http://pt.wikipedia.org/wiki/ET_Bilu
3- Um site maravilhoso e cheio de pechinchas é o: www.estantevirtual.com.br
5- Mais sobre a plataforma Lattes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plataforma_lattes
6- Para ficar por dentro do calendário de eventos, você pode participar do grupo “Jornadas e Encontros de Análise do Comportamento” no facebook: https://www.facebook.com/groups/183498388401750/