Desvendando a Neuropsicologia (parte IV): Anatomia do SNC – Continuação


Erica Vila Real Montefusco, Psicóloga pela Universidade Federal do Ceará (2009), Pós-Graduada em Neuropsicologia pela Faculdade Christus (2011) – Fortaleza, CE 

Paulo Estêvão da Silva Jales, Psicólogo pela Universidade Federal do Ceará (2011) – Fortaleza, CE

No artigo anterior, iniciamos um percurso sobre a anatomia do encéfalo. Falamos sobre o telencéfalo, e correlacionamos os lobos cerebrais às suas respectivas funções. O presente artigo propõe-se a dar continuidade ao estudo anterior, e nele realizaremos uma breve exposição sobre o diencéfalo, tronco encefálico e cerebelo. Consideramos pertinente realizar essa introdução à neuroanatomia, de modo a proporcionar um melhor entendimento de artigos posteriores.

Retomando brevemente o que foi visto, vemos que o encéfalo é constituído por: cérebro (formado por telencéfalo, que corresponde aos hemisférios cerebrais, e diencéfalo), tronco encefálico e cerebelo.
              

Fonte: http://www.auladeanatomia.com/neurologia/snervoso.htm

Com relação ao diencéfalo, podemos dizer que este está localizado “ […] entre o telencéfalo e o mesencéfalo, entre o forâmen interventricular e a comissura posterior. É formado por tálamo, hipotálamo, epitálamo, subtalamo), terceiro ventrículo e estruturas associadas” (Gondim e Taunay, 2009, p. 63).
                                             
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso3.asp
Daremos aqui, especial importância ao tálamo e hipotálamo, expondo suas funções:

Tálamo

O tálamo é uma estrutura que “consiste em duas massas ovuladas pareadas de substância cinzenta, organizada em núcleos, com tratos de substância branca em seu interior (http://www.auladeanatomia.com/neurologia/snervoso.htm).

Uma grande quantidade de informações sensitivas provenientes de todos os tipos (exceto o olfato) converge para o tálamo, onde são integradas através das conexões entre seus núcleos. Posteriormente, as informações são distribuídas a outras partes do sistema nervoso central. Algumas das funções do tálamo estão relacionadas à execução dos movimentos voluntários, aos estados emocionais subjetivos e á regulação dos níveis de consciência do e vigília do individuo. Lesões talâmicas podem resultar em perda da sensibilidade, incluindo tato leve (Snell, 2011).

Hipotálamo

Apesar de corresponder a uma pequena parte do volume cerebral, o hipotálamo exerce importantes funções, estando diretamente relacionado com nossos mecanismos de homeostase.

O hipotálamo exerce controle neuro-endócrino sobre a hipófise e é responsável pela produção de hormônios, como a ocitocina e a vasopressina (Snell, 2011). A ocitocina promove as contrações uterinas durante o parto e facilita a ejeção do leite materno, além de ser um hormônio relacionado à sensação de prazer e de bem estar físico e emocional.

A vasopressina, também conhecida como hormônio antidiurético, que atua nos rins e controlar a quantidade de líquidos no organismo, evitando a desidratação. O consumo de bebidas alcóolicas suprime a produção da vasopressina, aumentando a diurese.

O hipotálamo também é responsável pela regulação da fome, da sede, da temperatura corporal, assim como pelo controle dos ritmos circadianos. Lesões hipotalâmicas podem resultar em um grande numero de sintomas, como obesidade, emagrecimento em excesso, distúrbios sexuais (retardo no desenvolvimento sexual, impotência), distúrbios do sono, transtornos emocionais, hipertermia e hipotermia, dentre outros (Snell, 2011).

Tronco encefálico

Constituído por mesencéfalo, ponte e bulbo, contém centros de reflexos importantes associados ao controle da respiração e do sistema cardiovascular e ao controle da consciência, além de conter núcleos importantes dos nervos cranianos III a XII (Snell, 2011).
Cerebelo

Estrutura que tem formato ovóide e uma constrição em sua parte mediana. Recebe informações aferentes acerca dos movimentos voluntários a partir do córtex cerebral e dos músculos, tendões e articulações. Tem por função essencial coordenar toda atividade muscular voluntária e reflexa. O controle dos movimentos envolve seu planejamento e correção. Lesões ou perda da função do cerebelo podem levar à ataxia, que é a perda da coordenação dos movimentos musculares voluntários. (Snell, 2011; Gondim e Taunay, 2009).

A ataxia pode ser causada por traumatismos, tumores, uso de determinadas drogas, doenças hereditárias, etc. Outros sintomas incluem: má coordenação motora, alterações na marcha, dificuldade para calcular os movimentos, perda da capacidade de escrever, alterações na fala, dificuldade de deglutição (Jardim, 2010).

As ataxias trazem muita incapacitação funcional, interferindo diretamente nas atividades rotineiras, o que leva a um impacto direto no estado emocional do paciente. O tratamento é feito por equipe multiprofissional, incluindo medico, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, etc.

Embora não exista um tratamento que interrompa o curso da maioria das ataxias, ou que previna o aparecimento dos sintomas entre pessoas com histórico familiar da doença, muitos cuidados podem ser tomados para melhorar a qualidade de vida dos pacientes (Jardim, 2010).

Referências
GONDIM, F.A.A. Neuropsicofisiologia/ Francisco de Assis Aquino Gondim, Tauily Claussen D´Escragnole Taunay. – Fortaleza – CE, 2009.
SNELL, Richard S. Neuroanatomia Clínica / Richard S. Snell; traduzido por Marcelo Moacyr de Vasconcelos – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.


Manual sobre ataxias cerebelares produzido em conjunto com especialistas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Associação dos Amigos, Parentes e Portadores de Ataxias Dominantes – AAPPAD – Porto Alegre 2010. Disponivel em: http://www.aappad.com.br/manual.pdf
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Classificação do artigo

Escrito por Erica e Paulo

Erica: Psicóloga pela Universidade Federal do Ceará. Professora do curso de Psicologia da Fanor - Fortaleza - CE. Atua na área clinica, onde atende adultos e idosos. Possui especialização em neuropsicologia pela Faculdade Christus e cursa mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará.

Paulo: Psicólogo pela Universidade Federal do Ceará. Possui formação em análise do comportamento pelo Cemp - Fortaleza - Ceará. Possui experiência em psicologia clinica (adultos). Colaborador do LEAC (Laboratório de estudos em analise do comportamento) - UFC.

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