IV JAC Belém – Resumos de trabalhos

Confira alguns dos trabalhos que serão apresentados na IV Jornada de Análise do Comportamento de Belém! O evento será nos dias 05, 06 e 07 de junho de 2013 e já conta com uma extensa e variada programação.
Para mais informações sobre o evento e sobre inscrições, acesse o site clicando aqui.
Sessões Coordenadas

SC 01 Sessão Coordenada “Leitura recombinativa e produção de sentenças”
A proposta da sessão coordenada é apresentar resultados finais e parciais de três pesquisadas desenvolvidas sob o paradigma de equivalência de estímulos e suas aplicações nos estudos envolvendo comportamento simbólico. O primeiro estudo envolve a leitura recombinativa de palavras, os demais apresentam dados sobre a leitura recombinativa de frases. No primeiro, serão apresentados dados que evidenciam a leitura com compreensão de palavras de ensino e recombinadas por três crianças com paralisia cerebral após um procedimento de ensino eque envolvia discriminações condicionais de sílabas e atividades de rima, aliteração, subtração e adição silábica. Todos os participantes leram as palavras de ensino, um participante leu cinco e outros dois leram quatro das seis palavras recombinadas. O segundo estudo apresenta um procedimento de ensino por resposta construída (CRMTS) de sentenças, utilizando estímulo de distração e fading out e os efeitos deste sobre a leitura recombinativa generalizada em crianças em alfabetização. Todos os participantes responderam com 100% de acerto nos testes de recombinação de palavras para composição de novas sentenças, demonstrando evidências de que o procedimento é eficaz para o aprendizado de sentenças com poucos erros. O terceiro estudo submeteu seis crianças da terceira série com histórico de fracasso escolar a dois experimentos, o primeiro envolveu o ensino por sobreposição de palavras em sentenças na forma afirmativa e negativa, e o segundo envolveu o ensino de discriminações condicionais de frases afirmativas na presença da cor verde e as mesmas frases na forma negativa na presença da cor vermelha Os resultados sugerem que o procedimento adotado foi eficiente no auxílio à construção de novas frases sem qualquer ensino adicional e leitura com compreensão de sentenças. Nos testes de generalização, quatro participantes acertaram sete das oito novas sentenças e dois participantes acertaram seis das oito sentenças programadas. Com relação aos testes de compreensão I (sentença/figura), quatro participantes obtiveram desempenho de 100% e dois 80% de acerto. Nos testes de compreensão II (figura/sentença), três crianças obtiveram desempenho de 100%, duas acima de 70% e uma criança respondeu abaixo do nível do acaso. Estes resultados consolidam dados empíricos apresentados pela literatura recente referente à leitura recombinativa generalizada de sentenças.
Procedimento de ensino e emergência de leitura recombinativa em crianças com paralisia cerebral
Glenda Miranda da Paixão*, Grauben José Alves de Assis e Ana Irene Alves de Oliveira
O paradigma de equivalência de estímulos vem sendo descrito como um modelo de investigação experimental relevante para a compreensão de processos simbólicos, pois fornece critérios operacionais para identificar funções simbólicas nas relações comportamentais e para simular em laboratório relações simbólicas que ocorrem naturalmente, além de sua característica generativa que possibilita meios econômicos para construir ou remediar repertórios complexos, como a leitura. Dentre os estudos sobre leitura baseados nesse paradigma, aqueles que envolvem o ensino explícito de discriminações silábicas têm demonstrado resultados satisfatórios na promoção da leitura recombinativa O objetivo do estudo foi investigar o efeito de um procedimento de ensino por discriminação condicional com sílabas (discriminações auditivas, visuais, auditivas-visuais e visuais-auditivas) e atividades de consciência fonológica sobre a leitura generalizada recombinativa em crianças com paralisia cerebral. Participaram três alunos com paralisia cerebral com idades de oito, nove e doze anos, atendidos no Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade – NEDETA. O procedimento foi composto de seis fases: Fase I – Pré-treino, Fase II – Pré-teste, Fase III – Ensino, subdividida em duas etapas (discriminação auditiva-visual de sílabas; atividades de consciência fonológica, sendo elas: aliteração, rima, subtração e adição), Fase IV – Teste das relações entre figuras e palavras ditadas, ensino dessas relações, se necessário e ensino das relações entre palavra ditada e palavra impressa, Fase V – Testes das relações de equivalência entre palavras impressas e figuras e entre figuras e palavras impressas, e Fase VI – Teste de leitura de palavras novas. Para a coleta de dados utilizou-se um notebook com um software específico, mouse e acionadores adaptados. Os estímulos utilizados foram sílabas, palavras ditadas, palavras impressas e figuras. Para o reforçamento social foram utilizadas animações gráficas. Respostas diferentes da programada produziam um escurecimento da tela de aproximadamente dois segundos, com retorno à tela da configuração da tentativa. Os resultados indicaram que houve a formação de classes de equivalência por todos os participantes. Todos os participantes leram as palavras de ensino. Um participante apresentou leitura com compreensão para cinco palavras novas e os outros dois participantes leram com compreensão quatro palavras novas. A leitura textual não foi testada, pois todos os participantes, por alterações motoras, não apresentavam linguagem oral inteligível. Os resultados corroboram estudos anteriores com esta população e, ainda, estudos que utilizaram o ensino de discriminações de sílabas. Verificou-se a necessidade de desenvolver procedimentos de ensino mais eficientes, proporcionando e garantindo a manutenção de uma aprendizagem sem erros, e de verificar a generalização da leitura para ambientes naturais da criança.
Palavras-chave: equivalência de estímulos; leitura recombinativa; paralisia cerebral.
Financiamento: CNPq.
Efeito do ensino da resposta por construção de sentenças sobre a leitura generalizada recombinativa
Ana Carolina Galvão da Fonseca* e Grauben José Alves de Assis
A análise do comportamento tem estudado muito pouco a formação de classes sintáticas, ou seja, o responder ordinalmente um conjunto de palavras. Sentenças são estímulos discriminativos e podem ser compreendidas como um comportamento simbólico, um responder às relações entre estímulos arbitrariamente definidas em sequência por uma comunidade verbal. O objetivo do presente estudo foi investigar o efeito de procedimentos informatizados de ensino por resposta construída de sentenças sobre a leitura recombinativa generalizada em crianças. Participaram três crianças, de ambos os sexos na faixa etária de seis a oito anos, matriculadas na 1ª série do ensino fundamental. Foi utilizado um notebook de 17 de polegadas com um programa de controle experimental (PROLER), que apresentava os estímulos visuais (figuras, palavras e sentenças escritas) e estímulos auditivos (palavras ditadas) e registrava as respostas corretas ou incorretas. Nas fases iniciais de ensino, objetivou-se instalar o repertório necessário para compreensão de leitura das palavras escritas, para que, posteriormente, o participante aprendesse de forma gradual a leitura de uma sentença. Após a realização dos pré-testes de nomeação das palavras, utilizou-se um procedimento de ensino de escolha de acordo com o modelo por identidade (palavra escrita/palavra escrita – figura/figura) e arbitrário (palavra ditada e figura). Em seguida, os participantes foram expostos ao ensino de sentenças com um procedimento de escolha de acordo com o modelo por resposta construída (CRMTS). Nesta fase utilizou-se um estímulo de distração, para garantir que o participante respondesse às palavras por seleção. Após o treino envolvendo sentenças escritas (cópia) com o modelo disponível na tela permanentemente, utilizou-se um procedimento de fading out em que as palavras que compunham as sentenças escritas esvanecia-se gradativamente, até permanecer uma figura corresponde à sentença escrita. As palavras foram apresentadas na tela do computador que estava dividia em duas áreas: A parte superior da tela, com fundo da cor cinza, denominada “área de construção”, na qual os estímulos ficavam dispostos, lado a lado, da esquerda para a direita, após se deslocarem da “área de escolha”, estando a mesma localizada na parte inferior da tela, área em que os estímulos de comparação foram apresentados simultaneamente. Cada tentativa envolvia a apresentação das palavras, resposta de clicar no mouse com o curso sobre a palavra e consequências diferenciais. Respostas corretas foram seguidas de uma animação gráfica e incorretas foram seguidas pelo escurecimento da tela por 3s. Dois participantes responderam com 100% aos testes de relações condicionais palavras escritas/figuras e vice-versa. Nos testes de construção de sentenças, todos responderam 100%. Todos os participantes alcançaram o critério de acerto no ensino de discriminação condicional de sentenças. Nos testes de recombinação de palavras para composição de novas sentenças, todos responderam com 100% de acerto. Os resultados mostraram evidências que o procedimento é eficaz para o aprendizado de sentenças com poucos erros. Os resultados também demonstraram que os estímulos utilizados eram funcionalmente equivalentes. Estudos posteriores precisam refinar o procedimento adotado para estabelecer um controle adequado das palavras e exercer uma função discriminativa contextual, organizando para isso sentenças nas modalidades afirmativas e negativas.
Palavras-chave: comportamento simbólico; sentenças; CRMTS.
Financiamento: CNPq.
Emergência de relações condicionais com sentenças afirmativas e negativas por sobreposição de palavras
Carla Mendes Motta* e Grauben José Alves de Assis
O paradigma de equivalência de estímulos e sua extensão para relações ordinais possibilitou um conjunto de estudos empíricos que tem fornecido as bases para a compreensão da leitura de frases. Uma expressão é considerada sintaticamente correta quando a ordem das palavras na sentença é apropriada à comunidade verbal que modela gradualmente a leitura dos alunos. A construção de sentenças pode envolver a produção de novas estruturas sintaticamente corretas, a partir da substituibilidade de palavras pela do ensino de relações condicionais por sobreposição de palavras sobre a leitura recombinativa generalizada de sentenças com duas formas gramaticais: afirmativa e negativa. Seis crianças da 3ª série com histórico de fracasso escolar, de ambos os sexos foram expostas ao procedimento de pré-testes, ensino e testes. Um notebook configurado com o software PROLER foi utilizado para apresentação dos estímulos e registro das respostas. O Estudo 1 envolveu o ensino por sobreposição de palavras de variações da mesma sentença, na forma afirmativa e negativa (adicionando o adverbio não). O participante foi solicitado a ordenar pares de palavras componentes de uma frase. Respostas corretas produziam uma animação gráfica e reforço social. Respostas diferentes foram seguidas pelo escurecimento da tela por 3s, fornecimento de prompts verbais, encerramento da tentativa e reexposição da mesma configuração de palavras na tela. O critério de acerto para avanço na fase de ensino foi de três vezes consecutivas, sem erro; as palavras foram apresentadas aleatoriamente na área de escolha, na parte inferior do vídeo, após cada tentativa. Tocar em cada palavra produzia seu deslocamento para a área de construção na parte superior do vídeo, onde permanecia lada a lado, da esquerda para direita. O Estudo 2 com os mesmos participantes, envolveu o ensino de discriminações condicionais de três frases afirmativas na presença da cor verde e as mesmas frases na forma negativa na presença da cor vermelha; testes de generalização com oito novas sentenças (quatro afirmativas e quatro negativas) permitiram verificar a formação de classes sintáticas pela posição de ordem ocupada pela palavra na frase, por meio da substituibilidade de palavras que exerciam funções ordinais: primeira, segunda, terceira e assim por diante. Por fim, testes de compreensão de leitura. Todos os participantes alcançaram o critério de acerto na fase de ensino. Nos testes de generalização, quatro participantes acertaram sete das oito novas sentenças e dois participantes acertaram seis das oito sentenças programadas. Com relação aos testes de compreensão I (sentença/figura), quatro participantes obtiveram desempenho de 100% e dois 80% de acerto. Nos testes de compreensão II (figura/sentença), três crianças obtiveram desempenho de 100%, duas acima de 70% e uma criança respondeu abaixo do nível do acaso. Os resultados sugerem que o procedimento adotado foi eficiente no auxílio à construção de novas frases sem qualquer ensino adicional e leitura com compreensão de sentenças. Estes resultados consolidam dados empíricos apresentados pela literatura recente referente à leitura recombinativa generalizada de sentenças.
Palavras-chave: classes ordinais; sobreposição de palavras; sentenças.
Financiamento: CNPq.

Painéis
PA 01 “Ensino de relações abstratas entre estímulos como pré-requisitos do comportamento simbólico a macacos-prego”
Juliana Sequeira Cesar de Oliveira e Olavo de Faria Galvão
A categorização é a base da identificação e classificação, envolvendo o reconhecimento de alimentos em potencial ou mesmo a identificação de indivíduos do grupo e da espécie. Embora este responder seja bem documentado em uma grande variedade de animais não-humanos em ambiente natural, em macacos-prego, utilizando-se estímulos bidimensionais, tem-se encontrado dificuldades metodológicas para sua obtenção. Este trabalho é uma continuação de um trabalho em desenvolvimento na Escola Experimental de Primatas. No mesmo, dois macacos-prego foram submetidos a um procedimento de múltiplas reversões de discriminações simples combinadas de três categorias, com quatro fotos em cada categoria: fotos de garrafas, de moscas e de aves. O objetivo deste trabalho foi de produzir comportamento de escolha controlado pela pertinência dos estímulos às categorias treinadas. O procedimento consistiu de 17 sessões de treino de reversões para cada categoria, seguida por 12 sessões de teste para cada categoria. Em cada sessão de treino, uma categoria era positiva (S+). O critério para mudança de função, de S+ para S-, foi de 12 acertos consecutivos. As tentativas eram compostas por três estímulos, um de cada categoria. Uma sessão tinha até 36 tentativas. As sessões de teste foram divididas em duas partes, na primeira somente três dos quatro estímulos de cada categoria eram apresentados. Após nove acertos consecutivos a segunda parte da sessão era iniciada, apresentando cinco tentativas com o quarto estímulo omitido na primeira parte misturadas com 13 da primeira parte. O teste era considerado positivo quando o sujeito acertava 4 de cinco tentativas, tendo necessariamente acerto na primeira tentativa. O teste era considerado positivo quando havia acerto na primeira tentativa de teste e em pelo menos três das outras quatro. O sujeito M07 apresentou desempenho satisfatório em sete dos 12 testes e M15 em cinco. O desempenho foi obtido com M07 após reapresentações dos testes. O estudo apresentou indícios de que houve categorização. Na continuação do trabalho, participou do projeto o sujeito M07 (ET), submetido a um procedimento de múltiplas mudanças de função de discriminações simples combinadas, inicialmente de 12 categorias, sendo que estas categorias foram agrupadas em 3 grupos, denominados “animais”, “objetos” e “natureza” com quatro estímulos em cada categoria. As categorias foram agrupadas em grupos diferentes, pois o reforço foi dispensado em diferentes dispensadores de acordo com o S+. As tentativas foram compostas por três estímulos, um de cada categoria. O critério para mudança de função, de S+ para S- foi de apenas 9 acertos consecutivos, para que mudanças mais rápidas de função no treino pudessem propiciar melhor desempenho nos testes. O sujeito experimental alcançou critério no grupo de categorias “animal” e “objetos” e sessões do grupo “natureza” serão iniciadas. Após atingir critério em cada categoria, o sujeito passará pela fase de teste, onde novos estímulos serão adicionados às categorias ensinadas, para verificar se houve generalização, ou seja, aprendizagem. Se o sujeito alcançar a fase de teste, o estudo poderá indicar a formação de categorização dos estímulos selecionados pelo experimentador.
Palavras-chave: Formação de classes, categorização, macaco-prego, discriminação simples.
Financiamento: CNPq.
PA 02 “Análise das variáveis que afetam os comportamentos auto lesivos de indivíduos que possuem retardo mental”
Aline Marques Casimiro, Juliana Sequeira Cesar de Oliveira, Joel Marco Castro, Marílya Jornada Melo, Patrícia Luiza Nobre, Pedro Araújo – UFPA
O comportamento auto lesivo (SIB) é uma ação autoinfligida, geralmente repetitiva, estereotipada e crônica que resulta em dano físico direto para a pessoa e não produz, aparentemente, nenhuma consequência desejável. Não existe um consenso sobre a origem e manutenção do comportamento auto lesivo, além disso, explicações existentes sobre o que origina ou mantém um determinado comportamento geralmente não conseguem abarcar todos os casos. É comum, entre pessoas com retardo mental, se auto lesar através de comportamentos como bater ou chutar seus próprios corpos. Desde o início da preocupação com o controle dos comportamentos auto lesivos até então, já foram utilizadas técnicas como punição, reforçamento de outras respostas, alterações ambientais e intervenções medicamentosas e até combinações destes. Analistas do comportamento se utilizando da análise funcional sugerem alteração do ambiente, especialmente conjunta a outro tipo de procedimento. Faz-se primordial analisar resultados de pesquisas que tiveram sucesso ou não no tratamento desse comportamento para que as buscas científicas não parem. Nesse sentido, esse trabalho identificou as variáveis de procedimento de pesquisas experimentais do SIB para poder verificar quais arranjos de contingências são mais adequados para o tratamento dos comportamentos auto lesivos em indivíduos com retardo mental. O objetivo do presente estudo foi comparar parâmetros de variáveis dos sujeitos e variáveis dos procedimentos em função dos resultados com indivíduos que apresentam comportamentos auto lesivos e que possuem retardo mental, de pesquisas experimentais da Análise do Comportamento. Os artigos foram localizados por meio de busca eletrônica utilizando o Portal Capes pelo periódico JABA – Journal of Applied Behavior Analysis. Para procura dos artigos, foram utilizados dois critérios gerais: foram selecionados os artigos com descritores ou títulos que continham (a) self-injury e (b) self-injurious behavior. Em adição, para aqueles artigos que possuíam na palavra-chave severe mental retardation. Dez estudos empíricos foram incluídos na revisão, todos publicados em língua inglesa no período entre 1992 e 2012. Inicialmente, os artigos foram dispostos em uma tabela de identificação das variáveis do sujeito, e, posteriormente em uma tabela que detalha as variáveis de procedimento e os resultados de cada trabalho. Sendo que as semelhanças e diferenças nos parâmetros das variáveis foram analisadas em função desses resultados. Como se pode observar através da análise das tabelas e apresentação dos artigos, as variáveis de sujeito (sexo, idade, diagnóstico, medicação) não tiveram influência significativa no resultado, já que a maioria dos resultados teve uma redução total do SIB. Foi identificado que os esquemas que envolvem o reforço positivo (R+) como método supressor ou atenuador do comportamento demonstram tanta eficácia quanto aquele que utiliza a punição positiva (P+) como forma de tratamento do comportamento de se auto lesionar em pessoas com retardo mental severo.
Palavras-chave: comportamento auto lesivo; retardo mental; análise funcional; variáveis.
PA 03 “Enfrentamento do LESJ por cuidadores de crianças e adolescentes”
Marina Rosa Ferreira Relvas, Eleonora Arnaud Pereira Ferreira e Ana Julia Pantoja de Moraes – UFPA
Lúpus Eritematoso Sistêmico Juvenil (LESJ) é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune que pode se manifestar em diversos órgãos e sistemas, diagnosticada antes dos dezoito anos de idade. Em seu formato juvenil, o lúpus chama atenção por comprometer gravemente os rins. Seu tratamento requer intervenções longas, complexas e que demandam mudanças no estilo de vida de pacientes e familiares. Por acometer crianças e adolescentes, destaca-se o papel do cuidador, os quais, por muitas vezes são responsáveis por esse processo, na medida em que acompanham os pacientes nas consultas ou internações, compram medicamentos, marcam exames, auxiliam na dosagem dos remédios e no uso do protetor solar, além de prestar suporte social e emocional. Este estudo buscou identificar estratégias de enfrentamento utilizadas por cuidadores em relação ao tratamento da criança e do adolescente com LESJ. Participaram 13 cuidadores (10 mulheres e 3 homens; entre 32 e 66 anos) de crianças e adolescentes acompanhados no ambulatório de reumatologia de um hospital universitário. Utilizou-se um formulário de entrevista semiestruturado para levantamento das características sociodemográficas e a Escala Modos de Enfretamento de Problemas (EMEP). Houve predomínio de Busca de práticas religiosas/pensamento fantasioso (4,07), sugerindo que os participantes relataram que utilizam predominantemente comportamentos como rezar/orar e esperar por milagre no enfrentamento do LESJ. A segunda estratégia mais utilizada foi Focalização no problema (4,02), indicando presença de tentativas de lidar com a doença, incluindo ações de aproximação ao estressor, como busca de informações. A estratégia menos utilizada foi Focalização na emoção (1,87), indicando que os cuidadores utilizam poucos recursos emocionais (como raiva, esquivar-se do problema ou culpabilizar outras pessoas) no enfrentamento da doença. Discute-se a relevância de se considerar o modo como o cuidador enfrenta as demandas do LESJ no processo de adesão do paciente ao tratamento.
Palavras-chave: LESJ; cuidadores; enfrentamento.
Financiamento: PIBIC/CNPq/UFPA
PA 04 “A Influência dos jogos Eletrônicos no Desenvolvimento de Crianças e Jovens”
Manoella Canaan Carvalho e Anna Beatriz Alves Lopes – UFPA
O mercado mundial de jogos eletrônicos vem tornando-se a maior indústria de entretenimento desde a Revolução Industrial, sendo hoje algo comum no cotidiano de jovens e crianças. Este tema é foco não só de pesquisas, mas como de preocupação de educadores, psicólogos e de pais em relação aos filhos, no que tange a adequabilidade dos assuntos propostos pelos jogos, as influências positivas e negativas e a variação de comportamento dos jogadores. Com o advento da Revolução Industrial, os brinquedos começaram a ser confeccionados por uma indústria específica, com finalidade de igualar-se aos objetos da realidade e imitar as funções que estes exercem. Sendo assim, com a vinda dos videogames e jogos de computador, surgiu um novo modo de brincar, ligado a tecnologia, que passou a ditar padrões de pensar e agir predeterminados e externos ao individuo, proporcionando diversão, alívio e satisfação instantânea. Os jogos eletrônicos se utilizam da técnica de repetição dos movimentos dos personagens e das fases do jogo numa constante ação de tentativa e erro, onde os jogadores são influenciados. O presente estudo teve como objetivo investigar, através de revisão bibliográfica, as influências dos jogos eletrônicos no desenvolvimento de crianças e jovens e categorizar as mudanças no comportamento. Foram divididas em duas categorias, sendo elas positivas e/ou negativas, usando como critério que as mudanças positivas trariam benefícios a nível físico-motor, cognitivo, afetivo, psicológico e sociocultural e as negativas trariam prejuízos aos mesmos aspectos. A análise dos dados mostrou que, quanto aos aspectos positivos, os jogos possibilitam o desenvolvimento de habilidades motoras, discernimento visual e habilidades cognitivas, além de serem funcionais no tratamento de pessoas com fobias, através de um ambiente controlado virtualmente. A análise dos dados também mostrou que, quando os jogos são utilizados em excesso, propiciam problemas de saúde, problemas cognitivos e sociais, além de estimular a comportamentos de agressividade. Pode-se concluir então que, se utilizados adequadamente, os jogos auxiliam no desenvolvimento de crianças e jovens, porém, esse desenvolvimento é prejudicado quando se torna um vício e também quando expõe os jogadores a valores contrários aos propostos pela sociedade, influenciando-os a ter comportamentos de violência. Por fim, concluiu-se também que esses indivíduos necessitam engajar-se em outras atividades, para interagir em ambientes diferentes, e assim, evitar o vício dos jogos.
Palavras-chave: desenvolvimento; jogos eletrônicos; mudanças comportamentais.
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Classificação do artigo

Escrito por Aline Couto

Tem 22 anos e reside em Salvador, BA. Formada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Durante o curso, aproximou-se da Análise do Comportamento, da Psicologia Cognitivo-Comportamental e da Neuropsicologia. Participou de grupos de pesquisa sobre Neuropsicologia Clínica e Cognitiva e Análise do Comportamento e Cibercultura na sua faculdade, além de grupos de estudo sobre Behaviorismo Radical.

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