Autora: Débora Louyse Almeida Lapa
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Quando falamos em autoestima nos referimos a um dos sentimentos humanos. Sentimentos que para a Análise do Comportamento são produtos de contingências e não causa de comportamento. Isto significa que o que sentimos é fruto das relações que estabelecemos com nosso ambiente, ou seja, o modo como interagimos com o mundo poderá produzir diversas reações emocionais, como raiva, alegria, tristeza, entre outros. Segundo Guilhardi (2002, p.1) “não há sentimentos sem uma manifestação corporal correspondente” e nossa cultura tende a nomear todo um conjunto formado pelas nossas reações emocionais internas e o modo como nos comportamos nessas circunstâncias como um sentimento “x”. Dessa forma, entende-se que aquilo que sentimos determina o modo como agimos.
“Assim, por exemplo, quando uma pessoa está ansiosa, ela tem alterações no ritmo de batimentos cardíacos, na frequência respiratória, na pressão sanguínea etc. Da mesma forma, na alegria há mudanças no funcionamento do corpo: os batimentos cardíacos, a sudorese, o ritmo respiratório etc. também se alteram. ” (Guilhardi, 2002, p.1-2).
Autoestima é o produto de contingências de reforçamento positivo de origem social (Guilhardi, 2002, p.7), logo o pouco acesso a esses reforçadores no ambiente contribuem para o que nossa cultura nomeia como baixa autoestima. As consequências de reforçamento positivo produzem reações emocionais agradáveis instalando assim os “sentimentos de bem-estar […] e de alívio […], sem a presença de sentimentos de culpa, de medo, de arrependimento etc. (e demais sentimentos produzidos por contingências de reforçamento coercitivas)” (Guilhardi, 2013, p.2). Se ao longo da vida essas contingências de reforçamento se mantém, a probabilidade de emissão desses comportamentos e produção destes sentimentos é maior.
Se a instalação desses sentimentos de autoestima é fruto das contingências de reforçamento, o manejo destas podem aumentar ou diminuir a probabilidade na produção dos mesmos.
“[..] para persistirem no tempo e se generalizarem para diversos contextos, precisam ser consequenciados por contingências de reforçamento atuais, pois se não o forem se enfraquecerão e, se expostos a contingências de reforçamento aversivas, serão substituídos por outros comportamentos e outros sentimentos (neste caso, de baixa autoestima, ansiedade etc.).” (Guilhardi, 2013, p. 2)
É possível que o manejo favorável a produção dos sentimentos de autoestima seja feito desde a infância? Sim, mas vale ressaltar, que o reforço positivo aleatório não é o caminho para produzir a autoestima. Quando dizemos sobre reforçar positivamente os comportamentos, nos referimos a reforçar ações que são adequadas e/ou esperadas pelo seu ambiente social e cultural. A medida que os adultos estão atentos para produzir consequências equivalentes aos comportamentos das crianças, contribuem para o desenvolvimento de um repertório comportamental mais adaptativo, e ainda, a produção de reações emocionais agradáveis correspondentes aos comportamentos emitidos.
Segundo Guilhardi (2002, p.8) “algumas frases destacam a pessoa que emitiu o comportamento. É esse tipo de comunicação que melhor desenvolve a auto-estima, uma vez que dá destaque à pessoa e não ao comportamento”. Ao realizar o manejo de contingências para favorecer sentimentos de autoestima, o adulto pode utilizar como ferramenta seu próprio comportamento verbal para modelar as respostas emitidas pela criança.
O comportamento verbal do adulto que valoriza a ação (o que foi feito) e não quem a emitiu (quem fez), diminui a probabilidade de estimular a auto-estima. Entretanto, o comportamento verbal do adulto que valoriza quem emitiu a ação, mais do que a ação propriamente dita, aumenta a probabilidade de estimular a autoestima da criança.
Se a criança tirar a nota máxima em uma prova e então os pais dizem: “sua nota foi ótima”, estão reforçando positivamente a criança, porém a valorização (o reforço) está voltada apenas para a prova e a nota (o que foi feito). Se os pais dizem: “estamos felizes por sua dedicação em estudar para a prova, você conseguiu um bom resultado”, eles estão reforçando positivamente, mas a valorização (o reforço) está direcionada para a pessoa (quem fez).
Ao discriminar para a criança sua ação, dando ênfase a ela como quem produziu tal efeito, validamos seu comportamento. Contribuímos assim, para que a criança fique mais sobre controle de seu ambiente interno (reações emocionais, manifestações corporais). Ao validar ações específicas das crianças e seu comportamento verbal sobre o que sentem favorecemos a emissão de comportamentos correspondentes a sentimentos de autoestima.
Referências:
Guilhardi, H. J. (2002). Auto-estima, autoconfiança e responsabilidade. In: M. Z. da S. Brandão, F. C. de S. Conte & S. M. B. Mezzaroba (Orgs), Comportamento Humano: Tudo (ou quase tudo) que você precisa saber para viver melhor. 29pp.Santo André, SP: ESETec.
Guilhardi, H. J. (2013). Um pouco mais sobre autoestima. Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento. 28pp. Campinas, SP.