Psicologia e Coaching: nota sobre ética e padronização

Reproduzo aqui a nota da Wikipedia US sobre Ética e Padronização sobre Coaching. A idéia é popularizar o conhecimento para quem não compreende o inglês. Muitos profissionais que se autodenominam “coachs” ou “coachers” utilizam “ferramentas” que podem ser encontradas em diferentes tradições de psicoterapia, incluindo o comportamentalismo, mas também técnicas como hipnose ericksoniana e, até mesmo, a pseudocientífica PNL. Por isso, muitas vezes, há grande tensão entre a classe profissional de psicólogos(as) (que respondem a um conselho federal) e os(as) autodenominados coachs (que respondem apenas a diretrizes dispersas). Segue abaixo a tradução.

ÉTICA E PADRONIZAÇÃO NO COACHING

Desde meados da década de 1990, associações profissionais de coaching como a Associação de Coaching (AC), o Conselho Europeu de Mentoria e Coaching (EMCC), a Associação Internacional de Coaching (IAC) e a Federação Internacional de Coach (ICF) têm trabalhado para desenvolver padrões de treinamento. O psicólogo Jonathan Passmore observou em 2016: 

“Embora o coaching tenha se tornado uma intervenção reconhecida, infelizmente ainda não há padrões ou mecanismos de licenciamento amplamente reconhecidos. Organizações profissionais continuaram a desenvolver seus próprios padrões, mas a falta de regulamentação única significa que qualquer pessoa pode se chamar de coach. […] Se o coaching é, de fato, uma profissão que requer regulamentação, ou apenas uma prática profissional que exige padronização, ainda é uma questão de debate.”

Um dos desafios no campo do coaching é manter níveis mínimos de profissionalismo, de padronização e comportamento ético. Para este fim, os organismos e organizações de coaching têm códigos de ética e padrões para inclusão de membros. No entanto, como esses órgãos não são regulamentados (apenas se autoregulamentam) e como os coaches não necessitam pertencer a tal órgão, há muita variação na padronização e nas exigências éticas.Em fevereiro de 2016, a AC e o EMCC lançaram um “Código Global de Ética” para todo o setor; indivíduos, associações e organizações são convidados a se tornarem signatários.

Com a crescente popularidade do coaching, muitas faculdades e universidades oferecem  programas de formação de treinadores credenciados por uma associação profissional. Alguns cursos oferecem um certificado de life coaching após alguns dias de treinamento, mas esses cursos, se forem credenciados, são considerados programas de treinamento “à la carte”, “que podem ou não oferecer treinamento completo (inicial ao final)”, de acordo com o ICF. Alguns programas de treinamento “all-inclusive” credenciados pelo ICF exigem um mínimo de 125 horas de contato dos estudantes, 10 horas de treinamento de mentores e um processo de avaliação de desempenho. Isso é muito pouco treinamento em comparação com os requisitos de treinamento de algumas outras classes profissioais: por exemplo, o licenciamento de um profissional de counseling no Estado da Califórnia requer 3.000 horas de experiência profissional supervisionada. No entanto, a ICF, por exemplo, oferece uma credencial de “Master Certified Coach” que exige demonstração de “2.500 horas (2.250 pagas) de experiência em coaching com pelo menos 35 clientes” e a credencial de “Professional Certified Coach” com bem menos requisitos. Outros órgãos profissionais também oferecem opções de credenciamento de coach de nível básico, intermediário e avançado. Alguns coachs são profissionais de counseling e coachs certificados, integrando ambas abordagens.

Críticos vêem o life coaching como algo semelhante à psicoterapia, mas sem as restrições legais e a regulação estatal que recai sobre os(as) psicólogos(as). Não há requisitos de regulamentação / licenciamento estadual para coachs. Devido à falta de regulamentação, as pessoas que não têm treinamento formal ou certificação podem se chamar legalmente de life coachs ou well-being (bem-estar) coachs. 

 

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Escrito por Tiago Tatton

piadista inveterado, torcedor do Flamengo e pai da Clara Luz. Nas horas vagas é psicólogo, especialista e mestre em Ciência da Religião (UFJF/MG), doutor em Psicologia (UFRGS/RS e King´s College Londres), pós-doutor em Psiquiatria e Ciências do Comportamento (UFRGS/RS). Diretor Geral da Iniciativa Mindfulness. Em 2016 completou o Mindfulness Advanced Teacher Intensive pela Universidade da California em San Diego (USA).

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