NOTA DE FALECIMENTO MARGARIDA HOFMANN WINDHOLZ
O Comporte-se comunica, com pesar, o falecimento da professora Margarida Hofmann Windholz, que faleceu no último dia 08 de janeiro, com 91 anos. A Dra. Margarida Hoffman Windholz,mais conhecida como Maggi, é professora aposentada do Departamento de Psicologia Experimental da USP. Ministrava cursos de Psicologia Experimental Aplicada: Observação do Comportamento Humano; e de Modificação do Comportamento Humano.
O PIONEIRISMO
Maggie integrou a primeira turma de formandos do Curso de Psicologia da USP (1958-1961), na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Em um de seus depoimentos a colaboradora e eterna aluna de Keller relata: ”Tive a grande sorte, durante o curso, de ter Prof. Fred S. Keller, em 1961, como professor. Ele foi a segunda pessoa fundamental na minha vida acadêmica e profissional. Era meu “pai psicológico”, porque meu trabalho foi se inclinando mais, a partir daí, inclusive pelo incentivo que recebi desse professor, para a análise comportamental”.
Ela também foi pioneira em assentar as bases, motivar e difundir o estudo sistemático da observação comportamental, no Brasil. Assim como, na aplicação da Análise Comportamental em educação especial, com seu alentado volume “Passo a Passo: seu Caminho – Guia Curricular para o Ensino de Habilidades Básicas”, resultado de duas décadas de aplicação prática, em duas escolas em que atuou: (1) a de orientação infanto-juvenil do CIAM – Centro Israelita de Assistência ao Menor e (2) a Carminha – Associação para Reabilitação do Excepcional – CARE, fundada por ela e Celma Maria Vieira Cenamo, em 1972, que ensinava uma nova maneira de atuar com crianças e jovens com desenvolvimento atípico. Na primeira, aplicava alguns princípios da Análise Experimental do Comportamento, já a segunda estava toda programada segundo os mesmos princípios.
Também foi a primeira pessoa a documentar o uso da AC com autistas no Brasil, em 1974-75. É seu o 1º caso de autista descrito na literatura brasileira, em capítulo que escreveu em Salomão Schwartzman (1995). Um dos raros estudos longitudinais, acompanhando, por 20 anos, o tratamento de um autista.
AS MULTIFACETAS DE MAGGIE
Mas não foi apenas no âmbito profissional que Maggie se destacou, nas palavras de seu filho Davi Windholz: ”Acho que a palavra chave de sua vida seria Chalutziut, pionerismo. Como Midas, tudo o que minha mãe tocou se transformou em ouro. Mas, ao contrário de Midas, ouro humano. A capacidade de realizar algo fora da norma e do conformismo, dando início a um novo movimento, a uma ação renovadora. Assim como imigrante, adolescente, jovem, esposa, mãe e profissional”.
Deixamos como sugestão de leitura, uma jornada pela vida de Maggie (http://abpmc.org.br/personagem.php?id=11 e http://www.usp.br/…/index.php/RBTCC/article/viewFile/959/506) para entrar em contato com o legado que ela nos deixou por sua irreverência e enquanto analista do comportamento.
Para a equipe do Comporte-se, Maggie representa uma guerreira: madura em suas medidas e impávida em suas ações. Seu legado deixa ao menos uma certeza, o eco de seus ensinamentos que ressoará para sempre sua presença nos eternos aprendizes que deixou.