Superstições ajudam ou atrapalham os atletas?

Quando Michael Phelps se prepara para a disputa, caminha até o bloco, tira os fones de ouvido, gira os braços três vezes, sobe no bloco e está pronto. Sua rotina nunca muda. A tenista Serena Williams, pentacampeã em Wimbledon que, como Phelps, começa a competir no sábado, sempre leva as sandálias de banho para a quadra, amarra os cadarços de uma maneira específica e bate a bola cinco vezes.

Apesar de toda a ciência e dos imensos orçamentos envolvidos no esporte, muitos esportistas de todos os níveis se aferram a superstições ou rituais elaborados para melhorar seu desempenho, e há muitos exemplos deles na Olimpíada de Londres. Psicólogos dizem que as pessoas frequentemente se tornam supersticiosas quando enfrentam situações desconhecidas e estressantes, o que explica por que tantos atletas são supersticiosos e se apegam tanto a preparativos severos. “Quando as apostas são altas e há muita incerteza – como no esporte de alto nível – as pessoas tentam qualquer coisa para obter o resultado que desejam”, isse Richard Stephens, veterano palestrante em psicologia na Universidade Keele, à Reuters. “Quando o custo de realizar uma ação é baixo mas há a possibilidade de grandes ganhos, por que não?”
Mas isso faz diferença?
Um estudo de psicólogos da Universidade de Colônia, na Alemanha, descobriu em dois experimentos que a superstição triunfou nos dois casos. Em um deles, os participantes receberam uma bola de golfe da sorte ou uma comum antes de serem solicitados a dar uma tacada. Aqueles com a assim chamada bola da sorte foram mais bem sucedidos. Também se pediu aos participantes que levassem um amuleto, mas estes foram confiscados de metade deles antes de fazerem um teste de memória. Aqueles que os mantiveram se saíram melhor, relataram os cientistas em Ciência Psicológica em 2010. Mas alguns psicólogos do esporte alertam que superstições podem ser danosas ao desempenho de um atleta se forem levadas longe demais e se tornarem uma distração, especialmente se não tiverem relação direta com o desempenho. A nadadora australiana Stephanie Rice disse acreditar firmemente em superstição, e gira os braços oito vezes, aperta os óculos quatro e toca a touca mais quatro vezes antes de nadar.
Andrew Lane, professor de psicologia do esporte na Universidade Wolverhampton, na Grã-Bretanha, disse que rotinas são importantes pata atletas, já que a hora que antecede uma competição pode ser estressante e passar devagar. As jogadoras de futebol britânicas falaram sobre seus hábitos. Kelly Smith sempre calça as chuteiras por último e é a última a sair do vestiário, enquanto Kim Little sempre coloca as meias e os protetores de canela primeiro do lado esquerdo. “É a confiabilidade dessas rotinas que pode ser crucial para mantê-las com a cabeça equilibrada”, disse Lane. “Mas caso se torne uma fixação ou algo que não é relevante para o desempenho, pode ser necessário mudá-la.”
Fonte: Estadão
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Escrito por Portal Comporte-se

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