Habilidades Sociais em crianças

Oi! Sou a Aline, nova colunista do blog. O texto abaixo foi o que enviei para a seleção, então, por bem, postarei aqui. O tema não é desconhecido dos leitores, por sinal, mas procurei abordar um aspecto mais específico.

As habilidades sociais, como já abordado em outros artigos aqui do Comporte-se, compreendem o conjunto (repertório) de comportamentos emitidos em situação social por um indivíduo que contribuem para favorecer um relacionamento saudável e produtivo com outras pessoas (Del Prette e Del Prette, 2009, p. 31). Essas habilidades não são inatas e sim aprendidas, e as características que indicam o que é um desempenho habilidoso socialmente vão variar de acordo com fatores situacionais, individuais e culturais (Bandeira e cols., 2006). As consequências que os desempenhos habilidosos ou não-habilidosos provocam são essenciais para a manutenção ou não desses padrões comportamentais (Del Prette e Del Prette, 2006).

No decorrer do desenvolvimento, passamos por diversas fases de transição que tornam necessário aprender a lidar com novas demandas sociais, cada vez mais complexas. Não por acaso a aquisição de habilidades sociais torna-se tão importante durante a infância, com a entrada da criança em novos contextos, especialmente o escolar. Além de contribuir para uma melhor adaptação, o aprimoramento das habilidades sociais das crianças pode prevenir o aparecimento de comportamentos agressivos e de dificuldades de aprendizagem (Bandeira e cols., 2006). Os déficits de habilidades sociais se associam, ainda, a problemas psicossociais tais como depressão, ansiedade social, estresse e solidão. Esses déficits interferem negativamente também no autoconceito da criança (Segrin & Flora, 2000, citado por Bandeira e cols., 2006; Cia e Barham, 2009).
Pela sua importância, o tema vem sendo bastante estudado em outros países e também no Brasil. Em tempos de evidência na mídia do conceito de bullying e suas conseqüências nefastas, além dos outros tipos de violência praticada e sofrida por crianças e adolescentes, esses estudos tornam-se ainda mais valiosos, tanto no desenvolvimento de técnicas para a aquisição das habilidades sociais, como os treinamentos específicos para as crianças (como em Del Prette e Del Prette, 2009) bem como nos estudos que buscam mensurar e avaliar o desenvolvimento dessas habilidades na infância e adolescência, utilizando questionários e inventários desenvolvidos para este fim (como o Social Skills Rating System (SSRS) utilizado em Cia e Barham, 2009, e Bandeira e cols., 2009; e o IMHSC-Del-Prette, desenvolvido por Del Prette, Del Prette e Costa, em 1999).
Referências
Bandeira, M. e cols. (2006). Habilidades sociais e variáveis sociodemográficas em estudantes do ensino fundamental. Psicologia em Estudo, vol. 11, nº 3, pp. 541-549.
Cia, F. e Barham, E. J. (2009). Repertório de habilidades sociais, problemas de comportamento, autoconceito e desempenho acadêmico de crianças no início da escolarização. Estudos de Psicologia, vol. 26, nº 1, pp. 45-55.
Del Prette, Z. A. P. e Del Prette, A (2006). Psicologia educacional, forense e com adolescente em risco: prática na avaliação e promoção de habilidades sociais. Avaliação Psicológica, vol.5, nº.1, pp. 99-104.
Del Prette, Z. A. P. & Del Prette, A. (2009). Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. 4ª edição. Rio de Janeiro, Vozes.
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Escrito por Aline Couto

Tem 22 anos e reside em Salvador, BA. Formada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Durante o curso, aproximou-se da Análise do Comportamento, da Psicologia Cognitivo-Comportamental e da Neuropsicologia. Participou de grupos de pesquisa sobre Neuropsicologia Clínica e Cognitiva e Análise do Comportamento e Cibercultura na sua faculdade, além de grupos de estudo sobre Behaviorismo Radical.

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