Garoto Zangief – O vídeo que virou febre na internet: vítima de Bullying reage às agressões sofridas na escola
Dia 14 de março de 2011 foi postado na net um vídeo chamado “Child finally snaps after being bullied”, posteriormente apelidado de Garoto Zanguief. O vídeo mostra o australiano Casey Heynes sendo agredido por um colega em sua escola e sua reação diante disso.
O vídeo original foi tirado do ar pelo youtube em pouco tempo, por causa das cenas de agressão entre menoroes. Mas o sucesso foi tão grande, que muita gente já havia feito download, editado e recolocado no ar com nomes e edições de som e imagem dos mais diversos tipos.
Casey Heynes tem 16 anos e é aluno da Chifley College Dunheved Campus, escola localizada no estado de New South Wales, na Austrália. A direção da escola expulsou os dois envolvidos na briga, ao saber da agressão. Seria interessante saber se a instituição já havia tomado alguma iniciativa no sentido de proteger as vítimas de Bullying também, ou se só reagiu quando a situação tornou-se insustentável.
Em uma entrevista concedida a um canal de tv de seu país, o garoto relata que é vítima de Bulliyng já há muitos anos e que é raro um dia em que não sofre agressões. Diz já ter pensado inclusive em se matar, há cerca de um ano antes da reportagem.
Para assistir o vídeo em que Casey Heynes reage à agressão de seu colega da escola, clique na imagem abaixo:
Para assistir a entrevista, na qual o garoto, seus pais, irmã e diversas outras pessoas falam a respeito do acontecido, clique na imagem abaixo:
O vídeo é um verdadeiro documentário a respeito do garoto. Mostra muito de sua vida, costumes e mudanças ocorridas após o sucesso do vídeo na internet.
Casey Heynes tornou-se um ícone, um verdadeiro ídolo para as tantas outras crianças em todo o mundo que, assim como ele, são vítimas de Bullying. A diferença é que nem todas conseguem reagir. E nem sempre, reagir agredindo o Bully é a melhor solução, afinal, raramente ele está sozinho e seus colegas podem revidar a agressão: violência gera mais violência.
Além disso, nem sempre o que mantém o Bullying é a postura da vítima. O agressor geralmente comete os atos em grupo e é elogiado por seus colegas e aprovado por eles. Quem sofre a agressão, por outro lado, geralmente é isolado dos grupos, considerado “o diferente”, invejado pelos outros, socialmente estigmatizado ou indefeso [1]. Como raramente esta criança tem com quem contar na escola, fica ainda mais difícil uma intervenção.
Os pais e a escola são em parte responsáveis pela agressão por não identificarem e ajudarem a solucionar o problema. Não por maldade, mas na maioria das vezes, por desconhecimento dos sintomas. Muitos pais, inclusive, culpam ou punem a criança diante do surgimento deles.
O site da Câmara dos Deputados disponibilizou uma série de gravações de 30 segundos cada falando a respeito do problema [link]. Entre os temas abordados, estão a definição de Bullying, seus sintomas e consequências para a criança, dentre outras coisas.
Conforme abordado no post “Bullying – Senhor pai, o que está esperando para ajudar?” [link] aqui mesmo no Comporte-se, quem sofre Bullying geralmente:
1) Apresenta desinteresse em frequentar a escola;
2) Sente-se mal, ou até simula doenças perto da hora de sair de casa;
3) Pede para trocar de escola;
4) Evita ir sozinho à aula;
5) Procura percorrer caminhos diferentes entre a escola e sua casa;
6) Apresenta baixo desempenho acadêmico;
7) Volta da escola com material ou roupa estragados;
8) Chega em casa machucado, sem explicação convincente;
9) Apresenta sinais de angústia, ansiedade e depressão;
10) Pode ter pesadelos constantes;
11) “Perde” pertences e dinheiro com frequência;
12) Tem poucos amigos;
13) Tem dificuldades para namorar.
Além disso, a criança ou adolescente raramente conta a seus pais sobre o que está acontecendo [1]. Pode ser que ela tenha medo do que pode acontecer se um adulto intervir, vergonha de falar ou desesperança de que algo possa vir a mudar.
No texto “Comportamento em cena – Lucas, um intruso no formigueiro – Filme infantil aborda Bullying e relações hostís na infância” [1], Psicóloga Giovana Del Prette apresenta algumas dicas sobre como lidar com o Bullying. São elas:
1) Ensinar Habilidades Sociais para a criança;
2) Orientar a criança a andar com outras crianças que não praticam Bullying;
3) Desenvolver a autoestima e autoconfiança da vítima, inserindo-a em atividades que possam gerar nela um sentimento de mais valia;
4) Orientar a criança a ficar próxima dos professores ou outras autoridades da escola.
A Psicóloga ressalta que a melhor alternativa, no entanto, é uma orientação individualizada. Cabe aos responsáveis pela criança procurarem um Psicólogo para analisar a situação e propor uma intervenção adequada e válida para cada criança.
Outra possibilidade de intervenção é sobre o Bully. É importante que ele seja encaminhado a um atendimento Psicológico para que, dentre outras coisas, possa desenvolver algum sentimento de empatia.
Texto que fundamenta a discussão
[1] Boletim Paradigma – artigo de Giovana Del Prette: “Comportamento em cena – Lucas, um intruso no formigueiro – Filme infantil aborda Bullying e relações hostís na infância”.