Podemos aprender a direcionar a nossa atenção?

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Extraído de www.clubedamafalda.blogspot.com

A Análise do Comportamento pode nos trazer algumas contribuições para compreender este comportamento que, muitas vezes, nos pegamos apresentando ou mesmo observamos em outras pessoas: o excesso de falas sobre os aspectos “negativos” ou indesejados das situações. Tal excesso, por sua vez, nos revela uma outra dificuldade que está atrelada a ele: a dificuldade para ficarmos atentos aos aspectos “positivos” e desejados dos eventos à nossa volta.

Nós temos uma sensibilidade, que é comum à espécie humana, para nos atentarmos aos estímulos potencialmente perigosos. Isso explica, em partes, porque respondemos de forma tão pronta aos estímulos aversivos que estão presentes no ambiente: começando por condições ambientais, como temperaturas extremas, luminosidade, barulho, passando para outras situações, tais como ambiente de trabalho com muita pressão, relações interpessoais opressoras, entre outros.

Entretanto, ao mesmo tempo em que é necessário ficarmos atentos às condições desfavoráveis e potencialmente perigosas para nosso bem-estar, ficarmos voltados exclusivamente para isso pode impactar negativamente nossa qualidade de vida: podemos apresentar constantemente estados de apreensão e ansiedade (e, por consequência, escassos momentos de relaxamento), bem como restringirmos nossas atividades apenas àquilo que nos proteja de condições desfavoráveis.

Um complemento saudável e indispensável é que nossa atenção se volte também para os estímulos que possam nos proporcionar sensações de bem-estar, satisfação, contentamento…  Mais do que nos esquivarmos de sensações incômodas, precisamos nos dedicar a situações e condições que nos proporcionem tais sensações agradáveis.

É neste momento que entra outro fator em jogo: a nossa história de vida, que pode nos proporcionar um predomínio de uma ou de outra experiência. Sendo assim, não estamos sujeitos apenas à nossa tendência biológica a nos atentarmos para o perigo. Podemos (e precisamos), ao longo de nossa história de vida e de aprendizagem, desenvolver comportamentos e nossa sensibilidade para estas experiências positivas.

À medida que nos atentamos a elas, podemos tomar o comportamento dos outros como modelos e inspirações para nossos próprios comportamentos, e podemos também nos tornar modelos para os comportamentos das pessoas com quem convivemos.

Que tal a proposta? Vale a tentativa, e você pode descobrir não ser assim tão difícil quanto parece!

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Escrito por Marília Zampieri

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, Especialista em Psicologia Clínica Comportamental pelo Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento - ITCR-Campinas, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Atua como psicóloga clínica e supervisora de atendimentos a adultos em Campinas - SP e online, e como supervisora dos cursos de especialização do ITCR - Campinas.
Possui acreditação como Analista do Comportamento pela ABPMC.

Dica de leitura: Análise experimental do comportamento de pessoas em grupos

V Workshop de Terapia Cognitivo-Comportamental do Triângulo Mineiro