Entrevista Exclusiva com Tiago Zortea – A Experiência com o Doutorado em Glasgow/ UK

Tiago Zortea, um de nossos colunistas e editor do site Comportamento e Sociedade, desde a graduação se destaca como um líder na condução de grupos de estudo, ligas acadêmicas e outros projetos destinados à difusão de conhecimento da Análise do Comportamento. Atualmente faz seu doutorado em Glasgow, Reino Unido, onde pesquisa o tema Suicídio em Psicologia e Medicina Comportamental.

Devido a seu histórico na abordagem, o Comporte-se o convidou a conceder uma entrevista Exclusiva falando de sua trajetória e suas experiências como estudante, pesquisador e aplicador dos conhecimentos da Análise do Comportamento. Confira, na íntegra, abaixo.

1 – Para começar, gostaria que falasse um pouco sobre como surgiu seu interesse pela Análise do Comportamento.

Considero minha história com a Análise do Comportamento algo, no mínimo, engraçado. Ao entrar no curso de psicologia na Federal do Espírito Santo, eu estava ávido para conhecer, para entender aquilo que até então eu chamara de “psique humana”. No primeiro período – na disciplina de introdução às teorias psicológicas – tive, assim como todo estudante de graduação, o primeiro contato com as psicologias. Naturalmente umas foram exaltadas, outras transformadas em piada. Dentre as escolas que nos faziam rir, de tão ridículas, e estarrecer, de tão absurdas, reinava o Behaviorismo. Skinner, Watson e Pavlov eram praticamente a mesma pessoa. Na época, meu senso crítico era quase inexistente, e tal como dizia Schopenhauer em 1830, “sim, não existe ideia, por mais absurda que seja, que as pessoas não tomem como suas com tanta facilidade e tão logo se convençam de que tal coisa é adotada de maneira geral”, e lá estava eu no meio. Sem precedentes, adotei uma postura anti-behaviorista. No entanto, o que me intrigava era como uma teoria tão simplista, burra e antiética ainda permanecia viva. Pobre pequeno Albert! Desafiei-me a ser um crítico dos behavioristas. Fui à biblioteca da universidade, peguei alguns livros do Skinner e comecei a lê-los com cuidado e estudo minucioso, a fim de criticar o movimento propriamente. Eis a grande ironia da minha vida profissional: o tiro saiu pela culatra. Ao me aprofundar na leitura, tornei-me o behaviorista mais chato da turma. Ao ler o Skinner, percebi uma incongruência entre o que eu ouvia em sala de aula e o que lia em casa. Ao final do segundo período eu já tinha lido todos os livros do Skinner e do Fred Keller disponíveis na biblioteca. Ironicamente, meus desempenhos nas disciplinas de Análise Experimental do Comportamento e Psicologia Comportamental não foram muito bons. Amigos que hoje trabalham com Psicanálise e Gestalt-Therapy se saíram muito melhor, interessante isso. Mas algo que devo citar, de extrema importância na minha formação como analista do comportamento, foram a comunidade de AC no Orkut e, mais tarde, o NEAC. Na internet, as discussões, o compartilhamento de referências e os contatos com outros analistas do comportamento no Brasil foram fundamentais. Me lembro quando participei pela primeira vez de um evento da área. Foi no ano de 2006 na cidade de Governador Valadares (a Jornada Mineira de Ciência do Comportamento), quando conheci a Paula Bullerjhann, o João Martinelli, o Cyro Almeida, a Ana Karina De-Farias e o Gabriel Candido. O contato com essas pessoas foi muito importante para mim naquela época. Me senti inserido, parte de uma comunidade científica. Naquele evento, eu e mais alguns amigos – em especial o Leandro Gama Moraes (excelente analista do comportamento, diga-se de passagem) – assistimos a apresentação de um projeto de hortas comunitárias desenvolvido pelo professor João Martinelli em Valadares. Inspirados pelo trabalho do professor João, Leandro e eu montamos nosso primeiro rascunho de pesquisa e estudo em práticas culturais, quando voltávamos de trem para Vitória. Estudamos o Agroturismo (uma espécie de turismo rural nas montanhas frias do Espírito Santo) como prática cultural por aproximadamente 2 anos. Foi quando, por intermédio da Paula Bullerjhann, fomos convidados a discutir nosso projeto no grupo de estudos de Análise do Comportamento e Cultura da PUC-SP. Foi um sonho! Fomos muito bem recebidos pela Maria Amália Andery e pelos alunos da pós-graduação Angelo Sampaio, Thomas Woelz, Andréa Brocal, Rodrigo Caldas e outros. Ainda na PUC-SP, em uma reunião com a professora Maria do Carmo Guedes sobre possibilidades de pesquisa, ela carinhosamente nos incentivou a iniciar um grupo de estudos na UFES. E assim começou o Núcleo de Estudos em Análise do Comportamento, agregando pessoas de diversas universidades. Foi ali que tive o prazer de conhecer e conviver com o Filipe Vasconcelos, o Renan Almeida, a Carolina Alves, o Marcelo Zanotti, o Diego Souza, a Mayara Tulli, o Kelvin Fonseca e tantos outros amigos e colegas participaram e mantiveram o NEAC com encontros semanais por 7 anos ininterruptos. Nossa empolgação, nossa paixão por discutir, e compartilhar o conhecimento analítico-comportamental era algo fascinante. Foi uma história linda cujo ápice se deu com a vinda do nosso ídolo maior, o professor Alexandre Dittrich, a uma conferência organizada por nós. Quanta saudade! Quanta coisa boa! Memórias que nunca serão esquecidas.

2 – Hoje você vive o sonho de muitos pesquisadores brasileiros: faz doutorado fora do país. Como foi sua trajetória até Glasgow? E por que Glasgow?

Honestamente eu sonhara estudar no Reino Unido antes mesmo de entrar na universidade (graduação). Eu já sabia que queria uma carreira acadêmica ainda quando fazia o curso pré-vestibular. Me lembro que na minha primeira aula de Método científico em psicologia, perguntei à professora o que eu deveria fazer para ingressar no mestrado e no doutorado após a graduação. Ela riu. “Primeiro você precisa ser aprovado na minha disciplina”, brincou. Mas gentilmente me explicou e orientou os caminhos para chegar até lá. Me envolvi com pesquisa muito cedo na graduação. Mas as bases do meu repertório de pesquisar vieram dos meus dois anos de iniciação científica e posteriormente dos dois anos no mestrado, com a melhor orientadora que eu já tive, a bióloga evolucionista Rosana Suemi Tokumaru – um exemplo de pesquisadora e um ser humano inigualável. Meu projeto de mestrado (em Psicologia com ênfase em Etologia e Evolução Humana) envolveu um estudo sobre os fatores de modulação do comportamento parental materno – com bases para explicar filogeneticamente maus-tratos, abandono e infanticídio. Apresentei parte da minha dissertação em um congresso de etologia na Universidade de Viena e, devido a isto, o relato científico foi publicado pela Folha de São Paulo – algo que me deixou muito feliz. Concluído o mestrado, era hora de me lançar àquilo que eu já sonhara desde antes de ser um calouro. Mudei-me para a cidade de Oxford na Inglaterra a fim de aprimorar meus conhecimentos da língua inglesa (que sinceramente não eram os melhores) e trabalhar por um tempo como assistente de pesquisa na Universidade de Oxford. Obviamente que, para me manter, tive de trabalhar em cafés – algo bem legal e ao mesmo tempo bem desafiador. Legal por fazer amigos e conhecer pessoas incríveis. Desafiador por vivenciar várias experiências xenofóbicas e de humilhação – o lado obscuro de se morar no exterior. Em Oxford eu sabia que o orientador com quem eu queria muito estudar estava na Universidade de Glasgow, sudoeste da Escócia. Enviei meu projeto de doutorado para alguns professores no Reino Unido, mas não para o Professor Rory O’Connor. Eu pensava que, pelo fato de ele ser a principal referência na área, não classificaria meu projeto como relevante. Novamente uma ironia: nenhum dos professores ofereceria vaga nos próximos anos. Restava-me enviar o projeto para o “todo-poderoso”. Três horas mais tarde vejo a resposta no e-mail: “Olá Tiago, gostei muito do projeto. Quando você virá para uma entrevista?”. Foi meio inacreditável. Minha primeira tentativa de ir até lá foi frustrada. A nevasca de Dezembro de 2013 impediu que o avião aterrissasse em Glasgow. Remarcamos a entrevista e segui o conselho de minha mãe: “Vá de trem, dois dias antes!”. A entrevista foi ótima. Apliquei para o PhD na universidade e para uma bolsa europeia (uma vez que também sou italiano). Infelizmente fui retirado da competição pela bolsa europeia, já que eu deveria estar morando no continente por três anos antes de me inscrever (lei do parlamento europeu) – algo que eu não sabia. Recebi a oferta incondicional da Universidade de Glasgow para o curso de PhD Research in Psychological Medicine e resolvi submeter o projeto para análise do CNPq. Em primeiro de Dezembro de 2014 o resultado foi positivo, e o sonho de pelo menos 10 anos parece que vai começar a virar verdade.

4 – Importa-se de falar um pouco sobre os principais desafios que precisa enfrentar para se adaptar ao novo país?

Há vários. O primeiro, talvez o principal, seja o idioma. Para mim foi algo difícil, uma vez que até 2007 eu só sabia conjugar o verbo “To Be”. Crescido no interior do Espírito Santo, era aluno de escola pública e nunca tive a oportunidade de estudar inglês. O fiz de fato com uma bolsa do PET Psicologia quando estava na graduação. No Brasil, aprendemos inglês americano. Quando chegamos aqui a história é outra. O ritmo, a entonação, a pronúncia, as expressões regionais, as palavras, a escolha das palavras… foi realmente um desafio. Sem um domínio da língua inglesa é impossível estudar, trabalhar, alugar casa, abrir conta no banco, enfim, coisas elementares. Talvez para a maioria das pessoas tudo isso seja óbvio. Mas para aqueles que se lançam no desafio de aprender um idioma tardiamente, cada detalhe possui um peso imenso.

Outros desafios são acostumar-se a algumas peculiaridades da cultura e regras sociais (a obrigatoriedade do excesso de polidez, por exemplo), ao clima (muito chuvoso e diariamente mutável) e ao modo de funcionamento das coisas.

5 – E do que tem gostado mais?

Há muitas coisas. A vida cultural é algo inacreditável. Concertos incontáveis, inúmeros festivais de literatura, música, teatro, dança. Cursos gratuitos (ou de preço bem acessível) de escrita, canto, instrumentos musicais, idiomas. Todos os museus são de entrada gratuita. Inúmeras bibliotecas e galerias. É algo que realmente me impressionou muito. A arquitetura é também indescritível. Castelos, jardins, palácios e outras coisas com as quais eu definitivamente não estava acostumado.

Outro fato interessante é estar no lugar onde moraram, estudaram e trabalharam pessoas importantes sobre as quais ou cuja obra eu conhecia. Oxford foi o maior exemplo disso. Passei por lugares, colleges e pubs onde estiveram Thomas Hobbes, John Locke, Oscar Wilde, C. S. Lewis, T. S. Eliot, Stephen Hawking, J. R. R. Tolkien. E em outras cidades também como Edinburgh, Cambridge e Kent (os principais lugares onde morou Charles Darwin), Liverpool (onde os Beatles nasceram), Stratford-upon-Avon (a pequena cidade de Shakespeare), Edinburgh (onde moraram e estudaram Arthur Conan Doyle e David Hume) e a incrível oportunidade de assistir um concerto do Cambridge Singers regido pelo próprio John Rutter! Fantasticamente indescritível! Enfim, essas coisas me impressionam bastante.

Mas de tudo, creio que o que mais me fascina é o contato com pessoas vindo de todas as partes do planeta. O Reino Unido é um país absolutamente internacionalizado. A troca de experiências, os relatos sobre os modos de vida em diferentes culturas ao redor do mundo, as histórias, as diferentes culinárias, as visões políticas, filosóficas e religiosas, os mais diversos tipos de indicações literárias e audiovisuais, tudo isso é algo realmente único.

6 – Como foi a escolha do tema para seu doutorado? Por que Suicídio?

Desde os estágios em psicologia clínica durante a graduação incluindo os 5 anos de exercício da profissão em consultório, o tema “comportamento parental” sempre foi algo de grande interesse meu. Dediquei-me ao tema no mestrado, trabalhava com ele na clínica. A meu ver, nossa história de contingências de reforçamento está absolutamente relacionada à forma como fomos criados (independente se por pais, parentes ou outros responsáveis). As nuances da criação, os detalhes da vida corriqueira no lidar com uma criança, eram pontos que me faziam (e me fazem) refletir muito sobre a formação de nosso repertório enquanto pessoas. O desapercebido do cotidiano pode pesar em algum tempo da vida. Eu via isso claramente atendendo crianças e adolescentes. Intervir em práticas parentais é algo extremamente desafiador. Já a escolha do tema “suicídio” veio de três raízes. A primeira está relacionada a um fato que sempre me incomodou muito: os índices absurdos de mortes por suicídio na ponte que liga a ilha de Vitória ao continente. Algo semanalmente assustador e que já se tornou popularmente conhecido entre os capixabas. A segunda raiz diz respeito ao número de pais que me procuravam com demanda por psicoterapia para os filhos adolescentes que apresentavam comportamentos de autolesão e tentativas de suicídio. Isso me assustou. E a terceira está relacionada a um caso clínico específico, absolutamente desafiador, que me marcou muito. A junção das duas temáticas “comportamento parental” e “ideações suicidas” nasce na minha prática clínica. Minhas intervenções se direcionavam aos adolescentes mas também aos seus pais. Para entender melhor como essas relações (comportamento parental e ideações suicidas nos filhos) se davam, se desenvolviam e eram intermediadas, busquei por literatura e localizei muito pouco. Não encontrei nenhum estudo que abordasse as variáveis pelas quais eu me interessava. Ali estava a chance de desenvolver um projeto de doutorado, algo novo. E assim aconteceu.

Além dessa questão, o tema em si é muito sério e urgente. Em setembro de 2014, a OMS publicou o primeiro relatório exclusivamente sobre suicídio. Os dados são assustadores: indicam uma morte por suicídio a cada 40 segundos, além de esta ser a segunda maior causa de mortes de jovens com idades entre 15 a 29 anos no planeta. Parece inacreditável, mas o número de mortes ocorridas a cada ano por suicídio excede o número de mortes causadas por homicídio e guerras juntos ao redor do mundo. O Brasil não fica atrás. É o oitavo país com o maior número absoluto de mortes por suicídio. Os maiores índices estão no Rio Grande do Sul, onde a taxa de óbitos é o dobro da média nacional. Há ainda a questão de que muitas mortes por suicídio não são assim registradas, dados os efeitos sociais da atribuição deste tipo de registro. Pesquisas importantes feitas por psiquiatras brasileiros (Botega 2005; 2010) mostraram que para cada pessoa atendida em pronto-socorro por tentativa de suicídio, 3 outras pessoas engajaram-se no processo, 5 planejaram e outras 17 pessoas pensaram no suicídio como alternativa de se livrar do sofrimento. Enfim, estamos falando de um problema seríssimo, subestimado por grande parte das autoridades e absolutamente não estudado pela Análise do Comportamento. Todos esses fatores, junto às minhas experiências profissionais, me motivam muito a me dedicar ao tema.

6 – Você nota diferenças significativas entre os pesquisadores brasileiros e britânicos?

Depende muito do tema, área, tipo de pesquisa, e diversas outras variáveis. Talvez, em psicologia, a maior diferença seja metodológica. O índice de estudos qualitativos (análise temática, análise de discurso, análise de conteúdo, etc.) é absolutamente modesto no Reino Unido, vigorando pesquisas quantitativas com análises estatísticas complexas. Já no Brasil o que temos é o oposto. Não creio que se trate de classificar métodos como “melhor” ou “pior”, mas como diferentes formas de se contribuir ao fenômeno estudado. Talvez esta seja a principal diferença.

8 – E nas condições de incentivo a pesquisas?

É possível que as condições de incentivo à pesquisa sejam mais desenvolvidas no Reino Unido. Há muitas ONGs e empresas que financiam projetos além do fato de que a própria população já está acostumada a participar de pesquisa (pois amiúde recebem para isto). Há, entretanto, uma vantagem no sistema de bolsas do Brasil: há a possibilidade de se receber bolsa de doutorado, por exemplo, independente do projeto de pesquisa (proposto pelo candidato à vaga). No Reino Unido, vários projetos já estão prontos e as universidades só precisam de alunos que os executem. Esses projetos são financiados pelas empresas, ONGs e instituições educacionais. No entanto, caso o candidato proponha seu próprio projeto, suas chances de conseguir uma bolsa são muito mais difíceis. Conheço vários alunos de PhD que recebem bolsa mas não gostam de suas pesquisas pois não foram compostas ou sugeridas por eles. Candidataram-se à vaga pela proposta financeira junto ao título do PhD, mas não se identificam com o que fazem. Os casos são muitos. Há ainda de se citar a inexistência de universidades públicas gratuitas no Reino Unido, o que faz com que financiamentos sejam essenciais. A Escócia é uma exceção dentro da Grã-Bretanha já que o parlamento escocês financia os cursos de graduação (para britânicos e cidadãos da União Européia). Mestrado e doutorado, no entanto, dependem de bolsas e financiamentos privados.

Um dado interessante é o de que os estudantes brasileiros são muito elogiados aqui (falo da amostra de professores de psicologia com quem tive contato nas universidades de Oxford, Cambridge, Londres, Cardiff e Glasgow). Veem o CNPq e o projeto Ciências Sem Fronteiras com muito bons olhos e apontam o Brasil como exemplo de incentivo à pesquisa para outros países em desenvolvimento. Obviamente ainda há muito a avançar. No entanto, tenho a impressão de que nós brasileiros às vezes transcendemos as fronteiras de nossa autocrítica a ponto de desqualificar quase tudo o que temos. O contato com outras culturas também me fez enxergar quantas coisas boas temos, e o crescimento dos investimentos em educação é uma delas.

9 – Quando retornar ao Brasil pretende seguir carreira acadêmica ou aplicada? Fale um pouco de seus planos?

Quero me dedicar à carreira acadêmica, mas não pretendo abandonar a clínica. Meu projeto é fruto do relacionamento entre clínica e pesquisa e creio que esta combinação é benéfica para ambas as áreas. Desejo continuar estudando e me dedicando ao meu tema de doutorado, mesmo após concluí-lo. Creio que o tema é urgente, os dados estatísticos são alarmantes e, como analistas do comportamento, ainda não temos um modelo explicativo para este fenômeno tão complexo.

10 – Que dicas pode dar a brasileiros que se interessam por fazer mestrado ou doutorado fora do país?

Conheço dois caminhos possíveis: a proposição de um projeto próprio ou a inscrição para concorrer a projetos prontos que precisem de alunos. A primeira via é a mais complicada e demanda do candidato buscar todas as informações sobre a o orientador, a universidade e os procedimentos e requerimentos acadêmicos exigidos pela instituição de ensino superior, além das dificuldades envolvidas em se conseguir um financiamento. Todas essas informações estão disponíveis detalhadamente nos sites das universidades. O processo todo é online (incluindo até entrevistas via Skype, por exemplo). Caso haja interesse por uma universidade britânica, o IELTS (teste de proficiência do idioma) é obrigatório e pode ser feito em várias cidades do Brasil (até mesmo em Vitória!). O aluno deve primeiramente contactar o professor enviando-lhe o projeto de doutorado (research proposal) bastante enxuto e sucinto (talvez 1 ou 2 páginas no máximo), perguntando se ele tem interesse em orientá-lo no doutorado. Eu sugeriria, antes de contactá-lo, conhecer um pouco sobre sua carreira e produção científica. Se ele estiver interessado, podem marcar uma entrevista via Skype. Provavelmente o professor solicitará o envio por email do histórico escolar da graduação e do mestrado (para que ele possa ver suas notas!), seu currículo e o resultado de seu teste de proficiência. Vale lembrar que todos esses documentos devem estar traduzidos para o inglês por um tradutor juramentado. Caso a entrevista tenha resultado positivo, o professor então autorizará o aluno a se inscrever online no processo seletivo da universidade. Após alguns meses, o candidato receberá uma carta (ou email) da universidade com um dos seguintes status: oferta rejeitada (acesso negado pela universidade), oferta condicional (a instituição aceitará o aluno caso ele cumpra ou melhore alguns dos requerimentos que serão especificados no documento) ou oferta incondicional (está plenamente apto a ingressar na instituição). Cumprida esta etapa, o candidato deverá então inscrever-se para obter o visto de estudante (o que deve ser feito na embaixada britânica no Brasil). Durante o processo, pode se inscrever para algum sistema de bolsas (CNPq ou CAPES, por exemplo), a menos que o candidato tenha recursos para custear o curso. Não sei informar plenamente sobre os procedimentos para o mestrado (que são bem diferentes do doutorado). Mas essas informações podem ser obtidas nos sites das universidades.

A segunda via – um pouco menos complicada – é inscrever-se no processo seletivo de projetos prontos. Esses projetos podem ser financiados por instituições europeias, governos ou pelas próprias universidades. Há dois sites que reúnem todas as informações sobre esses projetos e também sobre a elegibilidade dos candidatos para os mesmos (uma vez que determinados projetos são restritos a europeus ou a determinadas nacionalidades). Os sites são: http://www.findaphd.com/ para projetos de doutorado, e http://www.findamasters.com/ para cursos de mestrado. Em novembro de 2013, em um jantar com estudantes da universidade de Edinburgh, por exemplo, encontrei um aluno brasileiro de doutorado que estagiava ali mas fazia seu PhD em uma universidade na Alemanha, financiado pelo parlamento europeu. Coincidentemente ele era de Vitória, da minha universidade! Rimos bastante, pois a coincidência foi muito grande. Esses websites possuem projetos bastante interessantes que podem ser encontrados através da busca por temas ou disciplinas. É uma ótima opção e não se restringe a universidades britânicas.

 

Contatos:

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@zortea_tiago

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Escrito por Portal Comporte-se

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